Fechadas
Frequentadores das bibliotecas públicas pedem a abertura aos finais de semana
Enquanto em muitas cidades os sábados e domingos são de cultura e leitura, em Sorocaba está sendo diferente
Enquanto em muitas cidades os finais de semana são sinônimo de lazer, cultura e leitura, em Sorocaba a realidade está sendo diferente. Por aqui, tanto o Museu da Estrada de Ferro quanto as principais bibliotecas públicas permanecem fechados aos sábados e domingos. Para quem trabalha ou estuda durante a semana, sobra pouco tempo e muita frustração ao tentar aproveitar esses espaços nos dias de folga.
A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul esteve na quarta-feira (14) na Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger”, localizada no Alto da Boa Vista, próximo ao Paço Municipal, e conversou sobre o assunto com alguns frequentadores presentes. A aposentada Nilceia Alves dos Santos Rodrigues, de 62 anos, diz sentir na pele essa limitação. Ela conta que gostaria de ter a opção de levar os netos para explorar o mundo dos livros, mas, quando finalmente tem tempo, as portas estão fechadas.
“Eu acho muito importante a biblioteca abrir no fim de semana. Porque a pessoa trabalha a semana inteira, e aí no sábado ou domingo quer sair com os filhos, levar para a biblioteca, pegar um livro, ler junto, mas está tudo fechado”, lamenta.
Para ela, seria ideal até ampliar o atendimento para todos os dias. “Segunda, terça, quarta, até domingo... Porque durante a semana as crianças também estão na escola, os pais trabalhando. No final de semana é quando sobra mais tempo. E a leitura é muito importante, né? Ajuda a criança a largar um pouco o celular, estimula a falar melhor, a se expressar. Acho que a biblioteca tinha que estar sempre aberta”, defende.
Só em folgas
Quem também sente falta de horários mais flexíveis é a professora Jennifer Chayenne, de 29 anos. Com a rotina apertada, ela e o marido, que trabalha em escala de seis por dois, tentam encaixar visitas à biblioteca nos raros dias de folga. “É a primeira vez que a gente conseguiu vir, aproveitando que ele tá de folga hoje. Se estivesse aberto no final de semana, ia facilitar muito mais. Porque durante a semana é bem corrido”, conta.
A engenheira química Mariana França, de 42 anos, vive situação parecida. Só conseguiu visitar a biblioteca com seu filho Gabriel porque tirou um dia de folga. “Normalmente, a gente só tem tempo nos finais de semana, mas aí está tudo fechado. Hoje, por sorte, conseguimos vir. Seria tão bom se ao menos abrisse meio período aos sábados, né? Assim a gente poderia pegar um livro, mostrar para as crianças como é legal o ambiente da biblioteca”, sugere.
Até as crianças percebem a importância do espaço. A pequena Valentina da Silva Santos, de 7 anos, é frequentadora fiel às quartas-feiras. “Gosto muito de vir. Meu livro preferido é o da Dora. E também gosto do livro da Bia, que quer ser fada... e ela consegue mais ou menos”, conta, com um sorriso. Ela admite que, por enquanto, prefere olhar as figuras. “Eu ainda não leio, mas gosto de ver os livros diferentes”, diz.
Baixa demanda
Procurada pela reportagem do Cruzeiro do Sul, a Secretaria Municipal da Cultura (Secult) informou que já testou, há alguns anos, o funcionamento da Biblioteca Municipal “Jorge Guilherme Senger”, no Alto da Boa Vista, aos sábados. Segundo a gestão, porém, a procura foi quase inexistente, com poucos ou nenhum empréstimo registrado. A secretaria também destacou que muitos visitantes buscavam apenas usar os banheiros, já que o prédio fica em uma área de lazer.
Mais recentemente, a administração disse ter promovido eventos esporádicos aos sábados, na Biblioteca Municipal Infantil, no centro da cidade, sempre com ampla divulgação, mas que novamente não alcançaram o público esperado.
Já o Museu da Estrada de Ferro Sorocabana (Mefs), conforme informou a prefeitura, funciona aos sábados, das 15h às 16h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 11h30, como parte do City Tour recentemente implantado pela Secretaria de Turismo (Setur). Nesses horários, o museu recebe tanto os participantes do passeio quanto a população em geral.
Mesmo com as justificativas do poder público, a população segue cobrando mais alternativas de acesso, principalmente para quem trabalha durante a semana e enxerga nos finais de semana a única chance de aproveitar esses equipamentos culturais, inclusive para realizar pesquisas para trabalhos escolares.
João Frizo - programa de estágio
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