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Inéditos

100 anos de Rubem Fonseca e 2 novos contos

06 de Maio de 2025 às 22:29
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Escritor é considerado o
Escritor é considerado o "mestre dos contos" (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Dois homens solitários, alheios aos protocolos sociais, constrangidos a serem parte de um mundo que lhes é estranho. Um tenta simular pertencimento, o outro aprofunda fuga e introspecção. Paulo e Jonas são os protagonistas de dois contos inéditos de Rubem Fonseca, que serão publicados ainda neste mês na comemoração do centenário de nascimento do escritor.

Um box especial, com três volumes, será lançado pela editora Nova Fronteira, e reunirá todos os contos já publicados do autor. Rubem Fonseca nasceu em 11 de maio de 1925 e morreu em 15 de abril de 2020 aos 94 anos. Deixou um legado literário que inclui trinta livros, entre os quais romances, novelas e coletâneas de contos.

Um dos textos inéditos que chega ao leitor chama-se “Natal”. No enredo, um homem chamado Paulo percebe-se envelhecendo e fica angustiado por não ter companhia para comemorar a data. “Percebeu que todos, ou quase todos, levavam embrulhos, sentindo-se subitamente mal com as mãos vazias, como se não fosse daquele mundo de pessoas apressadas, com um objetivo”, diz um trecho do livro.

O outro texto, chamado “Arinda, traz Jonas, escritor que mergulha na própria ficção a ponto de afastar-se da realidade e passar a misturar as duas. “Pouco importava a Jonas a sujeira do mundo em que vivia, o rosto magro e precocemente marcado das crianças que afagava, os homens cheios de rancor e desgosto, desesperadamente agarrados a uma vida que tudo lhes negava. Nada tinha que esquecer ou lembrar. Mágoas ou gozos, infância, adolescência, carinhos, mãe”, diz um trecho.

Bia Corrêa do Lago, escritora e filha de Rubem Fonseca, encontrou os textos inéditos em um armário na casa do pai, pouco tempo depois do falecimento. O móvel estava lotado de papéis que ela desconhecia, sobre os quais o pai nunca tinha comentado. Entre eles, contos escritos em 1948, aos 23 anos de idade, cerca de 15 anos antes do primeiro lançamento oficial como escritor.

“Escolhi esses contos porque me pareceram muito diferentes em estilo entre si. Ao mesmo tempo, estão muito relacionados com o que ele veio a desenvolver como escritor, como contista depois. Achei muito interessante ver que já estava ali o germe, a semente do escritor que ele viria a ser e que publicou o primeiro livro em 1963”, disse Bia.

Considerado um “mestre do conto”, Rubem Fonseca ficou conhecido pelo estilo direto e escrita moderna. Entre as principais obras estão O caso Morel (1973), Feliz Ano Novo (1975), O Cobrador (1979), A grande arte (1983) e Agosto (1990). Venceu o Prêmio Jabuti seis vezes, os prêmios Juan Rulfo e Camões, e o Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL). (Da Redação, com Agência Brasil)