História
Mostra faz homenagem aos 60 anos da Jovem Guarda

“Que onda, que festa de arromba.” Os versos da canção Festa de Arromba, de Erasmo Carlos, traduzem um dos movimentos culturais mais importantes do País: a Jovem Guarda, que completa 60 anos em 2025. Para celebrar este aniversário, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, capital, inaugurou, nesta quinta-feira (27), uma nova mostra ao público, que apresenta discos, pôsteres, roupas, vídeos, capas de revistas, fotografias e itens pessoais dos grandes expoentes deste movimento.
Feita por jovens e para jovens, a Jovem Guarda foi um movimento que surgiu a partir de um programa de grande sucesso nas tardes de domingo da TV Record e que foi lançado no dia 22 de agosto de 1965. “A Jovem Guarda foi a primeira vez em que artistas jovens falaram com o público jovem”, destaca o diretor-geral do MIS e curador da mostra, André Sturm.
Influenciadas pelo rock and roll que surgiu nos Estados Unidos, as músicas da Jovem Guarda eram vibrantes e alegres, com temáticas românticas, triviais e dirigidas à juventude. E foi isso, inclusive, que deu ao movimento sua maior polêmica: muitos diziam que era alienante e não demonstrava preocupação com os problemas do País, que na época enfrentava uma ditadura militar.
A exposição
A mostra é pautada na coleção do jornalista Washington Morais, detentor de um dos maiores acervos privados do Brasil sobre o período. O acervo é constituído por mais de mil itens, que o jornalista começou a colecionar ainda adolescente.
“Em 1965, eu ainda era um adolescente e comecei a me interessar pela Jovem Guarda. Eu ia comprar uns discos e fui guardando. Primeiro, era um compacto, a mesada permitia um compacto, depois vinha um LP. Depois vieram os bonequinhos, as partituras, os discos, as revistas, os livros, as biografias, tudo o que é ligado ao assunto”, disse Moraes.
Jornalista e colecionador, Morais foi responsável também por fazer uma expressiva arqueologia histórico-social do movimento de música jovem no Brasil e no mundo. “Como sou jornalista, eu entrevistei uma boa parte dos artistas da Jovem Guarda.”
Com base nesse acervo, a mostra começa com os primórdios do rock no Brasil, passando pelo surgimento da Jovem Guarda e dando destaque também a outros expoentes do movimento, como Ronnie Von, Martinha, Leno e Lilian, Rosemary, Vanusa, Eduardo Araújo e Jerry Adriani.
Uma das sessões da mostra, inclusive, é dedicada à cantora Lilian Knapp, que fez dupla com Leno e morreu no último sábado (22). “Na pesquisa que a gente fez em função do material de acervo, eu descobri, por exemplo, que o Jorge Benjor e o Sérgio Reis participaram da Jovem Guarda. Depois tiveram carreiras muito diferentes, mas a Jovem Guarda abriu espaço para muita gente”, destacou Sturm.
“A Jovem Guarda trouxe esse conceito de juventude. Foi o primeiro programa jovem voltado para esse público. Eles implementaram várias gírias e expressões e também influenciaram bastante na moda e no comportamento. As mulheres, por exemplo, se liberaram daquele perfil ingênua-chique e finalmente puderam usar minissaias e mostraram o que queriam”, completou Ingrid Morais, filha de Washington e co-curadora da exposição. “Até hoje temos filmes e estudos sobre o movimento. As músicas também são regravadas por artistas da nova geração. Esse movimento influenciou muitas gerações de músicos, principalmente das bandas de rock dos anos 80. A forma descolada de apresentar as letras, o visual, o senso de humor e a picardia eram características do movimento.”
Os ingressos para a exposição têm valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), com entrada gratuita às terças-feiras e na terceira quarta-feira de cada mês.
O Museu da Imagem e do Som/MIS está localizado na avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo. (Da Redação, com informações da Agência Brasil)