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História

Mostra faz homenagem aos 60 anos da Jovem Guarda

27 de Fevereiro de 2025 às 21:49
Cruzeiro do Sul [email protected]
Movimento dos anos 60 ditou moda e influenciou comportamentos
Movimento dos anos 60 ditou moda e influenciou comportamentos (Crédito: REPRODUÇÃO)

“Que onda, que festa de arromba.” Os versos da canção Festa de Arromba, de Erasmo Carlos, traduzem um dos movimentos culturais mais importantes do País: a Jovem Guarda, que completa 60 anos em 2025. Para celebrar este aniversário, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, capital, inaugurou, nesta quinta-feira (27), uma nova mostra ao público, que apresenta discos, pôsteres, roupas, vídeos, capas de revistas, fotografias e itens pessoais dos grandes expoentes deste movimento.

Feita por jovens e para jovens, a Jovem Guarda foi um movimento que surgiu a partir de um programa de grande sucesso nas tardes de domingo da TV Record e que foi lançado no dia 22 de agosto de 1965. “A Jovem Guarda foi a primeira vez em que artistas jovens falaram com o público jovem”, destaca o diretor-geral do MIS e curador da mostra, André Sturm.

Influenciadas pelo rock and roll que surgiu nos Estados Unidos, as músicas da Jovem Guarda eram vibrantes e alegres, com temáticas românticas, triviais e dirigidas à juventude. E foi isso, inclusive, que deu ao movimento sua maior polêmica: muitos diziam que era alienante e não demonstrava preocupação com os problemas do País, que na época enfrentava uma ditadura militar.

A exposição

A mostra é pautada na coleção do jornalista Washington Morais, detentor de um dos maiores acervos privados do Brasil sobre o período. O acervo é constituído por mais de mil itens, que o jornalista começou a colecionar ainda adolescente.

“Em 1965, eu ainda era um adolescente e comecei a me interessar pela Jovem Guarda. Eu ia comprar uns discos e fui guardando. Primeiro, era um compacto, a mesada permitia um compacto, depois vinha um LP. Depois vieram os bonequinhos, as partituras, os discos, as revistas, os livros, as biografias, tudo o que é ligado ao assunto”, disse Moraes.

Jornalista e colecionador, Morais foi responsável também por fazer uma expressiva arqueologia histórico-social do movimento de música jovem no Brasil e no mundo. “Como sou jornalista, eu entrevistei uma boa parte dos artistas da Jovem Guarda.”

Com base nesse acervo, a mostra começa com os primórdios do rock no Brasil, passando pelo surgimento da Jovem Guarda e dando destaque também a outros expoentes do movimento, como Ronnie Von, Martinha, Leno e Lilian, Rosemary, Vanusa, Eduardo Araújo e Jerry Adriani.

Uma das sessões da mostra, inclusive, é dedicada à cantora Lilian Knapp, que fez dupla com Leno e morreu no último sábado (22). “Na pesquisa que a gente fez em função do material de acervo, eu descobri, por exemplo, que o Jorge Benjor e o Sérgio Reis participaram da Jovem Guarda. Depois tiveram carreiras muito diferentes, mas a Jovem Guarda abriu espaço para muita gente”, destacou Sturm.

“A Jovem Guarda trouxe esse conceito de juventude. Foi o primeiro programa jovem voltado para esse público. Eles implementaram várias gírias e expressões e também influenciaram bastante na moda e no comportamento. As mulheres, por exemplo, se liberaram daquele perfil ingênua-chique e finalmente puderam usar minissaias e mostraram o que queriam”, completou Ingrid Morais, filha de  Washington e co-curadora da exposição. “Até hoje temos filmes e estudos sobre o movimento. As músicas também são regravadas por artistas da nova geração. Esse movimento influenciou muitas gerações de músicos, principalmente das bandas de rock dos anos 80. A forma descolada de apresentar as letras, o visual, o senso de humor e a picardia eram características do movimento.”

Os ingressos para a exposição têm valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), com entrada gratuita às terças-feiras e na terceira quarta-feira de cada mês.

O Museu da Imagem e do Som/MIS está localizado na avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo. (Da Redação, com informações da Agência Brasil)