O artista plástico Miguelzinho Dutra é uma das atrações do acervo permanente do Museu Republicano de Itu, localizado na vizinha cidade, integrante da Região Metropolitana de Sorocaba. As obras podem ser visitadas de forma gratuita, de terça feira a domingo, sempre das 10h às 17h.

No total, o museu guarda 73 aquarelas de autoria do artista, que retratam vistas panorâmicas e representações de edifícios de Itu, São Paulo e Casa Branca; paisagens rurais, figuras ilustres e cidadão populares; além de projetos para decorações e festas de rua.

Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra nasceu em Itu, em 15 de agosto de 1812 e faleceu em Piracicaba, em 1875). Além de artista plástico, foi também escultor, ourives, arquiteto, poeta, entalhador, decorador de igreja e musicista, que se afirmou pelo seu estilo que conjuga um caráter naïf de gosto popular com um realismo espontâneo e original, entrelaçado com soluções formais tradicionalmente barrocas.

Miguelzinho Dutra foi um artista multifacetado, com interesses que foram da escultura à música, à ornamentação festiva, à escultura religiosa em madeira, à engenharia de edificações, à poesia, ao desenho e à pintura. Da vasta obra, restou pequena parte, com destaque para as numerosas aquarelas retratando paisagens, cidades, igrejas, fazendas, tipos humanos de todas as classes sociais e cenas de rua comuns na vida rural brasileira da primeira metade do século 19, hoje de grande importância iconográfica.

Os pais de Miguelzinho Dutra se mudaram de Piracicaba para Itu atraídos pelas oportunidades apregoadas na então vila enriquecida com a multiplicação de engenhos e o aumento da produção açucareira. A cana de açúcar teve um incremento no seu plantio no último terço do século 18. Na Itu dessa fase florescente do açúcar e de intensas articulações políticas decorreu boa parte da vida de Miguelzinho Dutra. O pai, Tomás da Silva Dutra (1775-1835), natural de Lorena, casado com Gertrudes Maria da Conceição, era ourives de reputação.

Entre 1846 e 1847 esculpe a efígie de D. Pedro II (1825-1891), desenha quatro arcos comemorativos à visita do imperador em Itu, a “Iluminação do Quartel em São Paulo” por ocasião da chegada do imperador e o “Vista do Ipiranga‘, um dos mais antigos documentos iconográficos do local da Independência. Duas décadas depois, Miguelzinho se envolve no movimento republicano e em 1871 aparece como signatário do manifesto redigido por Manuel de Morais Barros, irmão de Prudente de Morais, e publicado no jornal A República do Rio de Janeiro, confirmando a adesão dos republicanos de Piracicaba ao Manifesto de 3 de dezembro de 1870.

O Museu Republicano de Itu está localizado na rua Barão de Itaim, 67, Centro Histórico da Estância Turística de Itu/SP. (Da Redação, com informações do Museu Republicano)