para refletir
Exposição em SP aborda mudanças climáticas e migração humana
Movimentos migratórios causados por mudanças climáticas. Esse é o tema de “Mova-se! Clima e Deslocamentos”, que entrou em cartaz ontem (27), no Museu do Imigrante (MI), em São Paulo. A exposição temporária apresenta ao público uma compreensão geral sobre o vínculo entre a mudança global do clima e a mobilidade humana. Os trabalhos evidenciam as diferentes maneiras pelas quais a ciência, os agentes sociais e as artes lidam com fenômenos tão complexos. O projeto curatorial tem correalização com a Organização das Nações Unidas (ONU) e foi desenvolvido de forma orgânica pela equipe do MI com a participação de diversos parceiros. A mostra segue em cartaz até janeiro de 2025 e a entrada custa R$ 16, sendo gratuita aos sábados.
A decisão de migrar é influenciada por uma complexa interação de fatores políticos, econômicos, demográficos, sociais e ambientais. No caso da migração relacionada à mudança climática, os aspectos ambientais modificados pela atividade humana desempenham um papel crucial na escolha de deixar um local de residência em busca de outro. Evacuações preventivas, realocações planejadas, fuga reativa diante de eventos repentinos ou deslocamento gradual de pessoas de áreas afetadas por fenômenos de desenvolvimento lento, como a seca, são algumas das formas de deslocamento desencadeadas por desastres, que, com a mudança do clima, tendem a se tornar cada vez mais frequentes e intensos.
Diante deste cenário complexo, a abordagem escolhida na exposição foi a de fluir junto às pessoas e às organizações que estão se mobilizando e pensando sobre os desafios atuais. Os três módulos que compõem a temporária, “Tempo de Saber”, Tempo de Agir” e “Tempo de Sentir”, são dispostos a partir de diferentes saberes e contam com recursos de instalações, vídeos, conteúdos em realidade virtual, dados de observatórios e instituições, fotos, depoimentos e objetos.
“A mudança global do clima tem impactos negativos significativos em ecossistemas, recursos hídricos e vida humana. Essa nova exposição do Museu da Imigração traz um tema urgente e reativa o grande desafio de sensibilizar a consciência coletiva sobre as situações emergenciais que alteram as condições de sobrevivência e podem resultar em um aumento nos deslocamentos forçados de pessoas”, explica Alessandra Almeida, diretora-executiva do Museu da Imigração.
O meio ambiente sempre foi um fator de migração, e os deslocamentos ao redor do mundo mostram como as sociedades são afetadas por outras espécies ou pelos ciclos naturais. Além do panorama atual e das perspectivas do futuro, a exposição contextualiza o papel da Hospedaria de Imigrantes do Brás, prédio que abriga hoje o MI, em histórias sobre acolhimento por consequências de questões ambientais, como a Grande Seca, no século 19, que expulsou milhares de cearenses para outras partes do País, e as enchentes em São Paulo da década de 1920.
Por meio de diversas trajetórias e histórias, em “Mova-se! Clima e Deslocamentos” o público entrará em contato com as estratégias atuais de conscientização, campanhas e projetos das principais instituições que lidam com o colapso climático e a extrema desigualdade.
“A decisão de permanecer em um local fortemente afetado pela mudança do clima ou deixar para trás esse vínculo em busca de uma vida melhor em outro lugar é sempre muito dura. Mas temos um valioso recurso para mostrar às pessoas o impacto desses deslocamentos impulsionados pelo clima: a arte, e por isso a ONU Brasil se uniu ao Museu da Imigração nesta bela exposição”, completa Silvia Rucks, coordenadora residente da ONU no Brasil.
O Museu da Imigração fica na rua Visconde de Parnaíba,1.316 Mooca, em São Paulo. A exposição “Mova-se! Clima e Deslocamentos” é uma realização do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo, mediante a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do Museu da Imigração e das Nações Unidas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O projeto tem patrocínio da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, da Deloitte e da Panasonic e apoio do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), da Produtora Brasileira, do Instituto Linha D’Água, das Latinas por el Clima, da Amazônia Viva, do Instituto Igarape, do IDMC (Internal Displacement Monitoring Centre) e do AdaptaBrasil MCTI. (Da Redação)