Cultura
Jon Fosse recebe o Nobel de Literatura
Nascido em 29 de setembro de 1959, Fosse é considerado um "Beckett do século 21"
O norueguês Jon Fosse (1959) venceu o Prêmio Nobel de Literatura 2023 por “suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”, segundo a Academia Sueca. Fosse é considerado um “Beckett do século 21”.
“Sua imensa obra, escrita em Nynorsk (dialeto rural) norueguês e abrangendo uma variedade de gêneros, consiste em uma riqueza de peças, romances, coleções de poesia, ensaios, livros infantis e traduções. É um dos dramaturgos mais representados no mundo e tem se tornado cada vez mais reconhecido por sua prosa”, destacou Anders Olsson, presidente do comitê do Nobel de Literatura.
“Fosse combina o enraizamento na linguagem e na natureza de sua formação norueguesa com técnicas artísticas na esteira do modernismo”, acrescentou. O Nobel de Literatura é concedido a um autor pelo conjunto da obra.
Nascido em 29 de setembro de 1959, em Haugesund, na Noruega, Jon Fosse cresceu em Strandebarm. Aos 7 anos, sofreu um acidente e chegou a comentar que essa foi a experiência mais importante de sua infância e que o transformou em um artista. Ele cresceu em uma família adepta do pietismo, um movimento espiritual protestante. Seu avô era quacre, pacifista e esquerdista. O escritor se distanciou dessas crenças e preferiu se definir, a princípio, como ateu. Em 2013, declarou-se católico.
Fosse é um escritor multifacetado, mas pouco acessível ao grande público. Apesar disso, é um dos autores de teatro com mais peças representadas na Europa. Sua obra é composta por cerca de 40 peças, entre as quais “Og aldri skal vi skiljast” (“E nunca nos separemos”), seu primeiro texto a ser encenado, em 1994, e “Nokon kjem til å komme” (“Alguém vai chegar”), a primeira que ele escreveu e que lhe deu fama como dramaturgo, além de 16 livros de prosa, 8 de poesia e dois de ensaios. Seus livros já foram traduzidos para mais de 50 idiomas
As obras de Fosse rompem com as regras clássicas, reduzem o enredo ao mínimo e utilizam uma linguagem simples e sem adornos, em que a chave da compreensão está na musicalidade e nas pausas.
Sua obra mais recente, “Septologia”, que distribui sete capítulos em três volumes que somam 1.250 páginas, narra o encontro de um homem com outra versão de si mesmo para levantar questões existenciais. Para 2024 ele prepara uma antologia de poemas e outra de peças. (Da Redação com Estadão Conteúdo)