Cultura
Exposição usa IA para revelar ligação entre língua e música
"Essa nossa canção" segue em cartaz no Museu da Língua Portuguesa
O “bom dia comunidade” de Carnavália, canção dos Tribalistas, desperta Roberto Carlos que pergunta “como vai você?”, que recebe uma resposta de Chico Buarque e Paulinho da Viola, que ganha tréplica de Rita Lee também questionando “como vai você?”.
Esse jogo de palavras extraídas de 54 músicas brasileiras, contido na instalação sonora “Palavras cantadas”, do produtor musical Alê Siqueira, funciona como boas-vindas da exposição “Essa nossa canção”, inaugurada na sexta-feira, 14, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. A mostra temporária apresenta a relação do português com o cancioneiro brasileiro e ficará em cartaz até março de 2024.
Com curadoria de Carlos Nader, Hermano Vianna e Isa Grinspum Ferraz e consultoria de José Miguel Wisnik, tem como principal objetivo mostrar de forma sensorial a ligação entre a língua portuguesa e a música produzida no País, de diferentes tempos e gêneros.
Com esse objetivo, o trabalho proposto por Siqueira começa antes mesmo de os visitantes chegarem ao primeiro andar, onde a exposição ocupa três salas. No elevador, trechos de vocalizes de canções conhecidas, entre elas, “Ilariê”, “Prefixo de verão” e “Palco”, começam a despertar os sentidos dos ouvintes.
Essa peça se junta à primeira instalação, a Palavras Cantadas, em um espaço à meia-luz, rodeado de um pano branco, com caixas de sons que emitem os trechos de músicas com apenas as vozes dos cantores, à capela. O áudio é apresentado em Dolby Atmos, a última geração em matéria de som.
Os trechos cantados por nomes como Roberto Carlos, João Gilberto, Elton Medeiros, Elis Regina, Gonzaguinha, Clementina de Jesus, Caetano Veloso, Mano Brown e Lobão, entre outros, dentro de um roteiro, propõem novos significados para a canção brasileira.
Para isolar as vozes dos cantores, Siqueira utilizou a ferramenta de restauração Izotope - usada, por exemplo, para recuperar o som de vinil antigo. Mas nenhuma voz foi feita de forma artificial. “É um filtro ao qual eu dei um comando para que deixasse apenas as vozes dos artistas. Não é purismo, gosto de fazer dessa maneira”, explica Siqueira. “Prefiro usar as ferramentas a serviço da estética”, esclarece.
A exposição pode ser vista de terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h), os ingressos custam R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia) e é grátis para crianças até 7 anos. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos. Os ingressos podem ser comprados pelo https://bileto.sympla.com.br/event/68203.
Para quem prefere uma visita tranquila, a sugestão é vir aos domingos, quando o fluxo de visitantes costuma ser menor. A maneira mais fácil de chegar ao Museu é por meio do Metrô ou CPTM. Quem desembarca na Luz não precisa nem sair da Estação para entrar no Museu há um acesso direto à bilheteria pela gare, a passarela no térreo que fica acima da linha do trem. (Da Redação com Estadão Conteúdo)