Buscar no Cruzeiro

Buscar

Cultura

Fundec expõe maquetes sobre João de Camargo

Trabalho do artista plástico Santiago Ribeiro pode ser visto gratuitamente a partir de hoje

18 de Julho de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Em maquetes e colagens, Santiago reproduziu a história do místico e a atual capela dedicada a ele
Em maquetes e colagens, Santiago reproduziu a história do místico e a atual capela dedicada a ele (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Cinco maquetes e 30 colagens feitas pelo artista plástico Santiago Ribeiro poderão ser vistas na Fundec, no Centro. Elas formam a exposição gratuita “Nhô João de Camargo, o Santo da Água Vermelha”, que será inaugurada às 20h de hoje (19).

Santiago conta que o trabalho demorou sete meses para ficar pronto. “A última (maquete), por retratar a igreja atualmente, foi a que mais requereu tempo, por sua complexidade de detalhes. Ela mede 1,13m por 1,40m”, explica. Para dar vida a esse resgate da história, Ribeiro usou diversos materiais, como madeira, papelão, papel paraná, argamassa, terra, areia e papel ondulados.

A exposição passará por mais quatro espaços com a duração de 15 dias cada, sendo eles: Biblioteca Infantil, Shopping Cianê, a Biblioteca Aloísio de Almeida (Uniso Cidade Universitária) e encerrando seu ciclo na Igreja João de Camargo. A intenção é doar as maquetes para a Igreja João de Camargo ou para as comunidades negras que cuidam do local após o fim da mostra.

Religião

A ideia de construir, em forma de miniaturas, a história de João de Camargo surgiu da necessidade do artista contar uma Sorocaba mística. “Escolhi João de Camargo como pano de fundo para falar de resistência preta e tolerância religiosa. Ainda vivemos tempos de preconceitos e perseguições de negros e pessoas que seguem as religiões de matriz africana e por conta disso, o respeito é a mensagem que quero deixar com essa exposição. O respeito à fé do próximo”, sintetiza Santiago.

A preservação da história foi a maior preocupação de Santiago durante todo o processo de criação. “Os detalhes foram o maior desafio e também as maiores descobertas para mim. Há uma mistura de elementos barrocos com neoclássicos que deram a entender que cada pessoa que ajudou a construir aquele lugar, colocou um pouco do seu entendimento na igreja”, analisa. O artista já retratou Sorocaba em outros ciclos históricos como o Tropeirismo e a fase da industrialização.

Durante a fase de pesquisa, Santiago contou com a ajuda do historiador José Rubens Incao, fará palestra na mostra sobre o tema.

Nhô João

João de Camargo nasceu em Sarapuí em 1858. Negro e escravo, viveu em Sorocaba, onde levantou a Igreja do Bom Jesus das Águas Vermelhas. Ele foi alvo de perseguições, chegando a ser preso. Ao mesmo tempo, porém, também recebeu muito acolhimento por parte da população da região. É conhecido na região por seu sincretismo religioso e a ele são atribuídas diversas curas e graças recebidas por seus fieis e devotos. (Da Redação)