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Em Sorocaba

Museus contam mais de 4 mil anos de história

Objetos e acervos sobre a cidade estão expostos ao público em prédios com importante valor histórico

01 de Julho de 2023 às 23:01
Beatriz Falcão [email protected]
Museu Histórico Sorocabano (MHS) fica no Zoológico Quinzinho de Barros, prédio tem 243 anos
Museu Histórico Sorocabano (MHS) fica no Zoológico Quinzinho de Barros, prédio tem 243 anos (Crédito: MICHELLE ALVES / DIVULGAÇÃO SECOM)

Em agosto deste ano, a cidade de Sorocaba completa 369 anos, mas a sua história começa muito antes da sua fundação, em 1654. Estima-se que os primeiros vestígios de presença humana na região sejam de mais de 4 mil anos atrás. Esses e outros momentos significativos para o desenvolvimento do município são eternizados em museus instalados na cidade e estão em exibição para o público.

O Museu Histórico Sorocabano (MHS), localizado no Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, foi reinaugurado em 1º de junho. O casarão, de paredes externas em taipa de pilão e internas em taipa de mão, tem 243 anos e um acervo de 300 itens, que datam desde os primeiros vestígios dos povos originários até Sorocaba Contemporânea.

“O Museu Histórico Sorocabano é o mais visitado da cidade, com uma média de 12 mil pessoas por mês. Esses números são de antes do museu ser fechado para a reforma, agora, com a reinauguração, esperamos manter essa média”, conta André Mascarenhas, chefe da Divisão de Patrimônio Cultural e Histórico. “Os finais de semana são os mais movimentados com cerca de mil pessoas por dia. Recebemos também muitos visitantes, principalmente turistas, que vêm em excursão ao zoológico e conhecem a história da cidade no museu”.

A exposição que mais chama atenção dos públicos é a dos artefatos indígenas, logo na primeira sala do museu. Estão em exibição machados de pedras e pontas de flechas, encontrados na região de Sorocaba, como Éden, Cerrado e Mineirão, e também objetos feitos em cerâmica, pelos grupos Tupinambás, Tupiniquins e Guaranis.

“Na história do Brasil em geral, nossos indígenas eram nômades, eles não construíam casas e a grande maioria dos objetos eram feitos de palha, então restaram poucas coisas”, explica André. “Por exemplo, nós não temos construções indígenas do século 16, diferente dos Maias e dos Astecas, que realmente edificaram seus templos”.

Além da exposição de artefatos indígenas coletados na região, há também artefatos provenientes das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Com a chegada dos colonizadores, muitos aldeamentos foram dissipados devido às doenças e outros povos fugiram, pois não queriam ser escravizados.

“Acredito que essa seja a exposição mais curiosa, porque as outras exposições, Sorocaba Colônia, Industrial e Contemporânea, são objetos cotidianos, apesar de memoráveis, como o primeiro ferro fundido na Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema”, diz André. “Mas a exposição dos povos originários, são objetos diferentes”.

Artefatos dos povos originários que habitaram a cidade  - MICHELLE ALVES / DIVULGAÇÃO SECOM
Artefatos dos povos originários que habitaram a cidade (crédito: MICHELLE ALVES / DIVULGAÇÃO SECOM)

Ele usa como exemplo as Igaçabas encontradas nas escavações históricas. Igaçabas, conforme o informativo presente no museu, são recipientes em cerâmica feitos para armazenar alimentos, e, posteriormente, usados como urna funerária. O reservatório pode ter como característica externa o acabamento liso, pintado, corrugado ou ungulado.

O Museu Histórico Sorocabano também possui uma área externa. No gramado, o charmoso Ford 1928, que pertenceu à frota da Prefeitura Municipal, está exposto, bem como o Bonde Elétrico, muito importante para a Estrada de Ferro Sorocabana, e a Cruz de Ferro, uma das primeiras feitas na Fundição Ipanema.

O museu teve seus portões fechados por um ano devido a reforma, no entanto, o projeto manteve as características do casarão, como o ladrilho hidráulico assentado na época da sua construção, sendo revitalizadas as janelas e as paredes. Segundo André, a reforma não interferiu no acervo e estão com a ideia de utilizar a última sala para exposições itinerárias.

Outros objetos contam a história da cidade, como telas, pinturas, esculturas em argila, maquinários, mobiliário, acervo tropeiro e bandeirante, estão expostos. O acervo histórico está aberto ao público de terça à sexta-feira, das 9h às 16h30, e nos finais de semana e feriados, das 11h às 16h.

O acesso ao museu é feito pelo Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, localizado na rua Theodoro Kaisel, na Vila Hortência. O valor do ingresso no zoo é de R$ 8; para crianças de 6 a 11 anos completos, se acompanhadas por adultos, é de R$ 4; e para crianças de até 5 anos a entrada é gratuita.

Museu ferroviário

Outro momento histórico importante para a cidade foi a construção da Estrada de Ferro Sorocabana. Idealizada por Luiz Matheus Maylasky e fundada no ano de 1876, hoje em a memória preservada no Museu Ferroviário.

“Aqui ficavam as antigas casas dos engenheiros da Estrada de Ferro”, conta André sobre o prédio. “Foi construído em 1910, é tombado tanto pelo município quanto pelo Estado de São Paulo, e a média de visitantes no Museu Ferroviário é de 1,5 mil por mês, antes da reinauguração”.

A casa é inglesa com telhas francesas e tem 9 cômodos de muita história. O acervo de 150 itens é composto por pinturas, fotografias, mapas e objetos que relembram momentos importantes da Estrada de Ferro Sorocabana, tais como máquinas de escrever, de calcular, aparelhos telefônicos, PABX, teodolitos e diversos outros elementos históricos. Também estão disponíveis artefatos pessoais de Luiz Matheus Maylasky, diretor da Estrada de Ferro Sorocabana.

Além desse acervo, são realizadas exposições itinerantes, com temas relacionados ao complexo ferroviário ou com a história da cidade. O museu também está disponível, sob agendamento, para pesquisas acadêmicas. No subsolo, é preservado um arquivo histórico disponível para consulta.

“A construção do complexo ferroviário foi muito importante para a história do País, e principalmente para a industrialização da região”, diz André. “E é uma das maiores do Brasil, nós chamamos de Malha Oeste, seu início é na Bolívia, passa por 117 municípios, e termina em Santos”.

Em datas comemorativas, o museu promove atividades especiais, como no dia 30 de abril, Dia do Ferroviário. “A Estrada de Ferro tem uma memória afetiva grande na cidade, então quando fazemos essas atividades é muito legal a participação das pessoas, resgata a memória de parentes, de avós que trabalharam aqui”, explica André, e ressalta o orgulho dos familiares.

O museu está localizado na região central de Sorocaba, no Jardim Maylasky, na Rua Álvaro Soares, e está aberto ao público de terça a sexta-feira, das 9h às 16h. A entrada é gratuita. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3231-1026 ou pelo e-mail: [email protected]. (Beatriz Falcão - programa de estágio)

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