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Cultura

‘Vitalino, teu nome no barro’ estreia nas escolas públicas

Espetáculo da Tempo de Brincar exalta cultura popular brasileira

04 de Maio de 2023 às 23:01
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Elaine Buzato conta história inspirada nas obras do ceramista Mestre Vitalino
Elaine Buzato conta história inspirada nas obras do ceramista Mestre Vitalino (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Um encantamento do começo ao fim. É isso que oferece o novo espetáculo criado pela multiartista Elaine Buzato, atriz, artista visual, bonequeira, brincante, e pelo músico e compositor Valter Silva. As primeiras apresentações de “Vitalino, teu nome no barro”, de 10 a 12 de maio, serão exclusivas para alunos da rede municipal de ensino de Sorocaba e seus familiares. Em julho, as apresentações serão abertas ao público, no Sesc de Sorocaba. Trata-se de um projeto contemplado pelo ProAC para a produção de espetáculos para o público infanto-juvenil.

No espetáculo, uma boneca de barro feita por Mestre Vitalino , depois de muitos anos guardada, por encanto cria vida, mas suas memórias estão sendo engolidas por um misterioso Teiú, um lagarto malvado. Para reencontrar seu Mestre e a si mesma, a boneca busca suas memórias, misturadas com as de Vitalino e suas histórias, e visita lugares imaginários, encontrando divertidos e encantados personagens como as cirandeiras, a banda de pífanos, os retirantes, a Maria Bonita. “Nesses encontros entre brincadeiras, canções e histórias, a boneca vai descobrindo a história do seu povo e também, como o barro, reconstrói a sua própria história”, diz Elaine.

Muitas experiências se juntam durante a apresentação, com destaque para os bonecos feitos em cerâmica fria, com inspiração no ceramista e músico pernambucano Mestre Vitalino. As peças retratam o próprio artista, os retirantes, o teiú (um dos protagonistas da história), as violeiras e até Maria Bonita. Mestre Vitalino morreu em 1963.

Além dos bonecos, manipulados com leveza, destreza e graça, Elaine dança, canta e vivencia a história, que ensina muito desde as questões da cultura nordestina até aspectos sociais da atualidade: com sutileza, temas como o feminismo, a migração e o racismo aparecem. O educador e filósofo Paulo Freire, também nordestino, faz parte da inspiração e algumas de suas frases estão no texto da peça. O livro “Arte do barro e o olhar da arte - Vitalino e Verger”, com fotos que Pierre Verger fez de Vitalino em Alto do Moura e Caruaru, também influenciou a criação.

Porém, a maior riqueza de toda a pesquisa foi a viagem que Elaine e Valter fizeram até a casa do Mestre Vitalino “estivemos onde ele viveu e onde criou tanto! Vimos de perto sua história e seu legado”, diz Elaine.

Ela conta que “há muitos anos pesquiso sobre o Mestre Vitalino, e aprendi a admirar mais e mais a sua história e sua arte. Ele usava o barro para contar suas histórias, modelando figuras de bichos e cenas do seu povoado”. A peça que levou mais de um ano para ser montada -- inclui referências a diversas manifestações artísticas de Pernambuco como os caboclinhos, o maracatu rural e a figura do caboclo de lança, as cirandas. Além disso, a riqueza do artesanato é explorada no cenário, criado com rendas de bilro, renda filé e muitas cores”.

A multiartista comenta ainda que “foi um grande desafio porque é a primeira vez que criei a dramaturgia e a encenação em torno do teatro de bonecos. A direção de encenação de Dani Silva, que é uma grande atriz, diretora e pesquisadora foi mais uma contribuição para toda a criação”. O espetáculo mantém a estética da Cia Tempo de Brincar, que a artista mantém há mais de 20 anos com o músico Valter Silva, criador das canções de Vitalino. Aí também se mostra uma grande sincronicidade, já que o músico, inspirado pela pesquisa e visita à casa do Mestre, expressa aquele universo com canções de muita sensibilidade.