Cultura
Musical sobre Cauby Peixoto entra em cartaz na Liberdade
Cantor é vivido por Diogo Vilela, que fez três anos de pesquisas
Minutos antes de entrar em cena, o ator Diogo Vilela cumpre um importante ritual: segurando a mão de algum amigo, ele fecha os olhos e repete um mantra: “Vem, Cauby!”. “Logo, eu me torno um cavalo dele e já posso entrar em cena”, conta Diogo, referindo-se ao termo que identifica uma pessoa no estado de transe após receber uma entidade. Pronto: antes mesmo de pisar no palco, o ator está preparado para iniciar o espetáculo “Cauby, uma paixão”, que estreou na última sexta (14), no Teatro Liberdade, em São Paulo. O espetáculo fica em cartaz até 7 de maio, com apresentações sexta, sábado e domingo. Os ingressos custam de R$ 35 a R$ 130 e podem ser comprados pelo sympla.com.br.
Durante o espetáculo, Vilela interpreta 20 canções e relembra histórias pitorescas do cantor Cauby Peixoto. “Faço uma síntese do artista, ainda um dos mais queridos do Brasil.”O resultado deixa a plateia eufórica: gritos de “Cauby!” se confundem com declarações de amor, como se o próprio cantor (que morreu em 2016, aos 85 anos) estivesse presente, com sua voz retumbante. Vilela não deixa por menos: além dos trejeitos característicos, ele usa uma peruca e um terno brilhante que ganhou do próprio Cauby.
“Quando vi a Glória Menezes chorando, na apresentação no Rio de Janeiro, eu me convenci de que o espetáculo tem uma verdade poderosa”, diz Vilela que, animado, até ensaia deixar a carreira de ator em suspenso para se aventurar mais como cantor.
Vilela conversou com a reportagem no Bar Brahma, tradicional reduto boêmio no centro de São Paulo e onde Cauby fez diversas turnês. “E todas as apresentações eram memoráveis”, relembra Vilela, cujo musical, que já passou por outras capitais, chega a São Paulo com duas novas canções: “Começaria tudo outra vez” e “Você me vira a cabeça”, interpretadas por Diogo ao lado de três músicos, que também usam ternos que pertenceram a Cauby e foram presenteados ao ator em 2005.
Naquele ano, Vilela estreou no Rio o musical “Cauby! Cauby!”, com 10 atores em cena, 5 músicos e mais de 120 figurinos. Com dramaturgia e direção de Flávio Marinho, o espetáculo era fruto de três anos de pesquisa do ator, que fez estudos, leitura de livros, entrevistas e teve alguns encontros com o próprio Cauby, que só passou a confiar na proposta de Vilela após se certificar de que não se tratava de um projeto depreciativo.
O teste derradeiro aconteceu em 2006, quando o musical foi finalmente visto por Cauby em São Paulo. Na noite de estreia, lágrimas se confundiram com risos, a bênção definitiva tão esperada por Vilela. De fato, o musical narrava, em dois atos, a história do menino pobre de Niterói, que sonhava em ser príncipe e acabou se transformando em “uma das figuras mais especiais do show business brasileiro, dono de estilo e voz inconfundíveis”, como definiu Marinho. (Da Redação com Estadão Conteúdo)