Cultura
‘Viagem à Lua’ faz 120 anos
Cinéfilo de carteirinha sabe que os Irmãos Lumière realizaram, em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café de Paris, uma história exibição de seu invento, que chamaram de cinematógrafo. Um trem em movimento, chegando à estação de La Ciotat. Existem relatos de assombro e até de pânico. Muitos espectadores achavam que seriam atropelados pelo trem, e lançaram-se de suas cadeiras. Os Lumière, vale lembrar, não botavam muita fé no seu invento. Pelos anos seguintes, o cinema - o cinematógrafo - seguiu mostrando registros da vida real. Isso mudou em 1902 - há 120 anos. Dublê de ator e mágico, Georges Méliès intuiu que o cinema, ao contrário do que diziam os Lumière, tinha futuro. Ou melhor, podia olhar o futuro.
Naquele dia, 1º de agosto de 1902, ele fez a primeira exibição pública de “Viagem à Lua”. O êxito foi imediato. O cinema deixava de ser um simples registro do real para embarcar na ficção. Um tal Professor Barbenfouillis, o próprio Méliès, tenta convencer seus pares de que é possível viajar à Lua. Uma astronave em forma de míssil é lançada ao espaço. Aterrissa no olho direito da Lua, representada como um ser antropomórfico -- uma redondíssima cabeça humana, de homem. Na Lua, o Professor e seus acompanhantes encontram as selenitas, que parecem dançarinas de algum show parisiense. O problema não é a ida, mas a volta. Os primitivos astronautas conseguem voltar. Caem no oceano e o exploram, antes de serem recebidos como heróis, em Paris.
E tem mais. Os filmes que eram exibidos em feiras populares no início do século passado, raramente ultrapassavam uma bobina, ou 2 minutos. Viagem à Lua dura 14 minutos -- nunca se havia visto nada parecido. (Da Redação com Estadão Conteúdo)