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Cultura

Kaê Guajajara apresenta músicas de seu novo álbum no Sesc

‘Kwarahy Tazyr’ é o primeiro álbum audiovisual de uma artista indígena no Brasil

26 de Abril de 2022 às 00:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Kaê Guajajara apresenta músicas com uma sonoridade que conecta a ancestralidade ao futurismo.
Kaê Guajajara apresenta músicas com uma sonoridade que conecta a ancestralidade ao futurismo. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A cantora e rapper Kaê Guajajara apresenta músicas de seu novo álbum ‘Kwarahy Tazyr’, no Sesc Sorocaba, nesta quinta-feira (28), às 20h. No palco, a cantora, rapper, compositora, escritora, atriz, arte-educadora e ativista apresenta uma visão atual e afiada sobre a realidade dos povos indígenas no Brasil. O show faz parte da 4ª edição do especial Abril Indígena do Sesc.

O álbum oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições originadas dos sonhos de Kaê - uma técnica ancestral de se receber os cantos. O título “Kwarahy Tazyr” significa “Filha do Sol” em “zeeg’ete”, língua do povo indígena Guajajara, e traz para o primeiro plano uma ligação com sua espiritualidade e personalidade.

Cantando e fazendo seu flow, a multiartista apresenta uma música contemporânea indígena que perpassa todos os estilos com elementos originários (maracá, flauta e línguas) para denunciar uma realidade que vai muito além do noticiário e das lutas dos povos aldeados pela demarcação de terras.

Conforme informações do Sesc Sorocaba, a obra da cantora é uma oportunidade de mais pessoas indígenas se reconhecerem fora da identidade colonial, além de oferecer aos brasileiros um caminho para a empatia com os povos originários que denunciam continuamente o racismo e a exploração que sofrem.

As letras de “Kwarahy Tazyr” servem como provocações e questionamentos de uma visão dominada pelo homem branco. Kaê Guajajara não se coloca como vítima do sistema, e sim como parte de uma luta por mudanças, em busca de uma independência diferente daquela que conhecemos - que leva a genocídios, etnocídios e ecocídios e, posteriormente, à violência das favelas e das cidades.

“Tecendo a minha própria história a partir do ponto de vista originário, me encontro com o sol, que tanto me ensina em suas diversas formas, fogo, fumaça, ar, fazendo com que cada dia que se passa eu tenha menos medo de me posicionar contra narrativas que apagam pessoas indígenas em diversos contextos”, resume a cantora.

O show acontece no teatro da unidade e os ingressos custam R$ 15,00 (credencial plena, aposentado, pessoa com mais de 60 anos, acompanhante de pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) e R$ 30,00 (inteira). A classificação é livre para todas as idades.

As vendas on-line estão disponíveis em sescsp.org.br/sorocaba. J á as vendas presenciais são feitas na Central de Atendimento da unidade.

A apresentação da cantora integra a programação da 4ª edição do especial Abril Indígena, ação em rede do Sesc São Paulo que valoriza e difunde a diversidade dos povos indígenas no Brasil. Com o tema SP: Terra indígena, o projeto busca visibilizar a presença indígena nos territórios do estado de São Paulo, estimulando o protagonismo de indígenas provenientes tanto de aldeias, comunidades e Terras Indígenas, quanto de contextos urbanos.

Kaê Guajajara

Nascida em Mirinzal (MA) e pertencente à etnia Guajajara, Kaê se mudou para o complexo de favelas da Maré (RJ) ainda criança, e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e sua origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuada até hoje pelos seus descendentes.

Iniciou sua carreira musical com o bem recebido EP de estreia “Hapohu”, lançado em 2019, onde mescla beats às letras que relatam suas vivências invisibilizadas. Já em seu segundo trabalho “Uzaw” (2020), essa narrativa se estende ao genocídio dos povos indígenas mascarado de evolução. Ainda no ano passado, revelou seu terceiro EP “Wiramiri”. Fazendo uma conexão entre ancestralidade e futurismo, ela usa de ferramentas que muitas vezes serviram de argumento para negar sua identidade indígena - como celular, internet e beats - para se posicionar sobre as vivências na margem do Brasil. (Da Redação)

SERVIÇO

‘Kaê Guajajara’
Dia 28/4, quinta, às 20h.
Teatro do Sesc Sorocaba
Rua Barão de Piratininga, 555 - Jardim Faculdade