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São Paulo

Retrospectiva de Tunga resume sua carreira em 300 obras

Trabalhos do artista pernambucano estão expostos até abril

26 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Exposição conta com obras raras e inéditas do artista morto em 2016.
Exposição conta com obras raras e inéditas do artista morto em 2016. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Quatro anos após a última exposição póstuma de Tunga no Masp (“O Corpo em Obras”), o artista pernambucano ganha uma ampla retrospectiva no Itaú Cultural, “Tunga: Conjunções Magnéticas”, que está aberta desde o último dia 11. A mostra, com curadoria de Paulo Venâncio Filho, reúne aproximadamente 300 obras - algumas inéditas, outras raras, pertencentes a colecionadores privados. A exposição segue até 10 de abril.

São três andares que cobrem toda a trajetória artística (40 anos) de Tunga (1952-2016), artista reconhecido mundialmente e disputado nas feiras internacionais de arte -- na última Art Basel Miami, todas as obras levadas por sua galeria, a Millan, foram vendidas.

Esse, naturalmente, não é apenas um sucesso comercial, um mero fenômeno de mercado. Críticos respeitados como o inglês Guy Brett (1942-2021) e a francesa Catherine David revelaram publicamente o forte impacto provocado pela descoberta da obra de Tunga. Segundo Brett, a escultura do brasileiro busca um novo tipo de relação com o espectador que dispensa a chave intelectual e clama pelo sensual. “Ela me comoveu e perturbou”, escreveu Brett em 1989.

A resposta para essa empatia imediata está no magnetismo dessa obra que elegeu a circularidade como elemento referencial. Até por isso o curador Paulo Venâncio Filho evitou organizar a mostra de forma cronológica. Ela é assumidamente circular. Seus trabalhos mais antigos se desdobram em novas peças, revelando em sua morfologia a origem de um código sintático típico da alquimia.

“O título da exposição, Conjunções Magnéticas, define vários trabalhos em que o ímã surge como alegoria física do modo como ele pensava”, diz o curador da mostra, diante da obra Portal -- uma pesada peça com 900 quilos, formada por ímãs e cristais -- e que funciona como uma espécie de rito de passagem para os espectadores da mostra, um bilhete para o seu mundo barroco, surrealista e francamente erotizado. Isso desde o começo, como se pode ver mais adiante, ainda no primeiro andar, em que estão expostos os desenhos de sua primeira exposição, em 1974, no Museu de Arte Moderna do Rio.

A mostra do Itaú Cultural se prolonga no Instituto Tomie Ohtake, onde o público poderá ver desenhos, o antológico filme “ÃO” (uma viagem por um túnel em que entrada e saída não existem) e a obra “Gravitação Magnética” (1987), realizada com agrupamento de ímãs do tipo ferrite. Os fios de ferro e a limalha de ferro aproximam garrafas e constituem uma das peças mais fascinantes da narrativa ficcional de Tunga, tendo sido exibida na 19.ª Bienal de São Paulo (1987) e nunca remontada.

Outra obra reconstruída para a mostra pode ser vista no Itaú Cultural. Chama-se “Piscina” (1975) - é uma remontagem da obra original, perdida. Usa como materiais aço galvanizado, lona, látex, um apito, um boné, uma corrente e uma tela de nylon. Uma reunião insólita como essa só encontra rival na monumental instalação “À la Lumière de Deux Mondes” (2005) que Tunga montou no Museu do Louvre, em Paris, que usava ferro, bronze, cabos de aço e epóxi. (Da Redação com Estadão Conteúdo)

Tunga: Conjunções Magnéticas
Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. Tel. (11) 2168-1777. 3ª/dom, 11h/19h. Instituto Tomie Ohtake. R. Coropés, 88, tel. (11) 2245-1900 3ª/dom., 11h/20h. Até 10/4/2022.