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‘Filhos do Vento’ retrata cultura cigana

Giovanna Prado comemora sua primeira exposição que, com 19 telas, segue no saguão da Câmara até quarta-feira (8)

04 de Dezembro de 2021 às 00:01
Giovanna tem 15 anos, começou a pintar aos 11 anos, e quer inspirar outros jovens.
Giovanna tem 15 anos, começou a pintar aos 11 anos, e quer inspirar outros jovens. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (2/12/2021))

“A pintura representa, para mim, uma expressão da alma e da visão de mundo que o artista possui”. Este é o significado desta arte para a pintora sorocabana Giovanna Prado Huran, de 15 anos. A estudante acaba de alcançar uma conquista na carreira: a sua primeira exposição. Intitulada “Ciganos, os Filhos do Vento”, a mostra está no saguão de entrada da Câmara de Sorocaba. Inaugurada no dia 25 de novembro, pode ser visitada até 8 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

A exposição é composta por 12 obras, sendo que oito já estão expostas e quatro ainda em produção. Todas elas retratam a cultura e os costumes dos ciganos. “Eu escolhi o povo cigano porque eles têm uma cultura muito rica, que está ao redor do mundo inteiro, com muitos elementos e hábitos que são extremamente ricos e específicos”, conta Giovanna. Nas telas, ela apresenta diversos aspectos do grupo nômade, como as cores, a música, a dança, a importância do fogo e a espiritualidade. “A cultura deles, o modo de agir e de pensar, a filosofia de vida, o comportamento, a maneira de enxergar a vida, os oráculos que eles usam são muito baseados na espiritualidade deles", fala.

Giovanna diz sempre escolher temas baseados na diversidade cultural, atrelados à espiritualidade, para realizar os seus trabalhos. Segundo ela, o objetivo é apresentar diferentes temáticas por meio de uma ótica mais aprofundada e adequada. “Normalmente, eu estudo uma cultura em específico, o que a rodeia e os elementos dela”, explica.

Ela aborda os assuntos a partir do recorte histórico. Para tanto, nas pesquisas, averigua, principalmente, a ancestralidade -- ou seja, o resgate da história -- dos movimentos. Nesta linha, a adolescente já pintou quadros com temáticas de religiões e cultura asiática, por exemplo. Pretende, ainda, criar telas sobre a cultura afrobrasileira. Independentemente da temática, a pintora busca trazer visibilidade para as culturas apresentadas, valorizá-las e combater o preconceito em relação a elas. “É uma maneira de reestruturar a sociedade, fazendo com que a diversidade seja melhor aceita e as culturas diferentes sejam melhor representadas e recordadas”, salienta.

Assim, a jovem pontua estar feliz não só por inaugurar a sua primeira exposição, mas, também, pelo caráter educativo por trás de cada obra. “O que eu estou tratando não é somente a minha primeira exposição, é a apresentação de um povo que raramente é visto e lembrado. Não é (só) o fato de ser a minha primeira exposição, mas (sim) porque e o que estou fazendo. É o que mais me motiva”, assinala.

Talento

 

Retratar o povo cigano é uma forma de mostrar seus costumes e combater o preconceito, diz a artista. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (2/12/2021))

 

Autodidata, Giovanna começou a carreira fazendo desenhos, aos 11 anos de idade. O desejo de ser artista foi incentivado pela família. A mãe dela, inclusive, atuou como cantora por um longo período. Depois, aos 12, aprendeu  pintura em tela sozinha, sem ter feito cursos. Para desenvolver a habilidade, usou a técnica de observação. “Eu estudava pessoalmente a natureza e tudo mais, ou escolhia alguma foto na internet, de alguma pessoa, algum personagem, e tentava reproduzir essas fotos”, relembra. “Eu fui praticando várias vezes, fazendo com que meu traço ficasse melhor, e evoluindo para rostos. Conforme o tempo foi passando, eu fui cirando o meu próprio traço e a minha própria identidade de pintura”, emenda.

Hoje, ela trabalha com pinturas e desenhos a óleo, aquarela, grafite e lápis de cor. Além da exposição, já obteve diversos outros reconhecimentos. Um deles foi o terceiro lugar em um concurso de cartazes promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a entidade Lions Clube, de Sorocaba. Entre 8 mil candidatos, Giovanna chegou ao pódio, após passar nas várias etapas do projeto. Também já teve a oportunidade de entregar duas cópias de quadros seus para os integrantes do Roupa Nova, em um show do grupo na cidade. Além de proporcionar conquistas, a arte teve um papel fundamental na vida dela. “Eu sou uma pessoa muito mais formada (enquanto ser humano) pela quantidade de cultura que me foi passada. A cultura faz parte da nossa educação”, destaca.

Apesar da pouca idade, a adolescente ainda tem mais um objetivo: motivar e inspirar outros jovens que querem ser artistas. “Não basta ter o reconhecimento e achar legal. Se a pessoa tem uma habilidade de comunicação e de expressão, não tem que guardar para ela. Isto deve ser usado para ajudar outras pessoas e expor outras culturas”, considera. (Vinícius Camargo)

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