Celso Lara é um artista inquieto. Suas obras são compostas por milhares de traços colocados meticulosamente no papel formando desenhos coloridos ou em preto e branco que surpreendem pela técnica. Dos traços vão surgindo formas como gatos, rotos humanos, e até parte do corpo como pés e mãos. Em seu trabalho, Lara também retrata fachadas de casas, revelando sua ligação com a arquitetura. Quem quiser conhecer o trabalho de Lara tem até domingo (31) para ir à mostra “Simplicidade” que está na Ala Sul do shopping Iguatemi Esplanada.

Lara conta que atuou por mais de 30 anos com arquitetura mas, inquieto, também estudou e trabalhou com moda e designer de peças como sapatos e chapéus. Tudo é feito à mão, usando a milenar caneta de nanquim e as modernas canetas posca. Os desenhos não são planejados, o processo produtivo não conta com rascunhos e, aos poucos, os milhares de traços revelam o desenho.

Para o resultado final são de 40 a 50 horas de dedicação, em média, para cada trabalho. E tudo isso só é possível com inspiração e disciplina. O artista, que atualmente trabalha em casa, inicia sua rotina de produção às 5h e segue até às 17h. “Depois saio para caminhar”, conta. Celso lembra que foi em 2016 que resolveu mergulhar no universo do desenho e, inicialmente, escolheu espaços compartilhados, conhecidos como “coworking”.

O desenho para ele é uma forma de terapia. “Fico em paz desenhando. Não tenho problemas, não tenho nada, desenhar me ajuda no raciocínio”, conclui. A arte sempre rondou a vida dele e a inspiração vem de artistas como Miroh, Sandro Botticelli , Tarcila do Amaral, Alfredo, Aldemir Martins e Aleijadinho.

Paredes

O contato com os traços começou ainda na infância, rabiscando as paredes de casa. Entre as lembranças afetivas ele se recorda quando pintou as paredes da casa de um parente, causando embaraço aos pais. “Em casa era permitido e eu, criança, achei que era assim em todas as casas”, brinca. Outras dessas memórias que Celso tem, são mais recentes, de uma temporada na casa de primas em São Paulo, temporada essa em que ele acabou dedicando-se mais aos traços e desenhos.

As redes sociais de Lara acabam sendo uma vitrine de suas obras e o artista confessa encontrar dificuldade para precificar seu trabalho. Lara comercializa seu trabalho sozinho, não está ligado a nenhuma galeria específica e aposta bastante na venda das cópias de seus desenhos que são impressos em papel de qualidade agradando bastante o público. (Carolina Santana)