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Cinema

O Brasil no Oscar

"Deserto Particular" é escolhido para representar o País na disputa pela vaga

16 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Antonio Saboia é Daniel, um policial em conflito no filme
Antonio Saboia é Daniel, um policial em conflito no filme "Deserto Particular". (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O comitê brasileiro de seleção da Academia Brasileira de Cinema anunciou ontem (15) que “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, é o escolhido para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2022.

O filme foi reconhecido, neste ano, com o prêmio do público da mostra paralela Venice Days, do Festival de Veneza. Além disso, está na programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontece entre 21 de outubro e 3 de novembro, e programado para estrear nas salas de cinema em novembro.

“Foi uma escolha difícil. Ficamos entre alguns filmes, considerando cinematografia, temas. Por fim, chegamos a um consenso. É sempre uma escolha difícil quem representa o Brasil pro mundo. Tivemos excelentes filmes inscritos, com uma representação muito diversa da cinematografia brasileira, de diferentes estados, e todos eles muito engajados. “Deserto Particular” traz uma tema muito importante: como o amor pode ser um agente de transformação. É disso que o mundo precisa hoje”, disse Leonardo Edde, presidente da comissão.

O longa-metragem concorreu com outras 14 produções. Dentre elas, estavam “7 Prisioneiros”, filme da Netflix dirigido por Alexandre Moratto; “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi; “Medida Provisória”, de Lázaro Ramos; e “Carro Rei”, de Renata Pinheiro.

“Foi mesmo uma escolha difícil e por uma razão muito simples: o alto nível dos filmes inscritos. Vários deles poderiam ter sido escolhidos para representar muito bem o Brasil. Como um só é o eleito, tivemos de cortar na própria carne até a maioria convergir ao escolhido. As questões estéticas, a qualidade da narrativa cinematográfica, sempre estiveram à frente das discussões, embora outros aspectos, como temática atual e potencialidade de diálogo com os votantes da Academia de Hollywood não tenham sido desconsiderados. Acredito que, com a escolha de Deserto Particular, conseguimos uma boa síntese entre esses aspectos. O debate entre nós foi em clima de amizade e alto nível de discussão. Tivemos um trabalho complicado mas em excelente companhia”, explica Luiz Zanin Oricchio, crítico de cinema e integrante da comissão.

Em virtude da pandemia da Covid, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood manteve as regras especiais para a elegibilidade do candidato na categoria de Melhor Filme Internacional na 94ª edição do Oscar 2022, ou seja, que tenha sido lançado no país de origem entre 1º de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2021.

A inscrição do filme escolhido deve ser feita até às 17h (horário de Los Angeles) da segunda-feira, 1º de novembro -- corresponde às 22h de Brasília.

O comitê de seleção foi formado pelos cineastas Allan Deberton, Belisário Franca e Felipe Lacerda; os produtores Paula Barreto e Leonardo Edde; a atriz Virginia Cavendish e o crítico de cinema Luiz Zanin Oricchio.

Sobre “Deserto Particular”

O longa-metragem conta a história de Daniel (Antonio Saboia), um policial afastado de suas funções, e de Sara (Pedro Fasanaro), uma mulher transexual no interior do Brasil e que precisa esconder sua verdadeira orientação sexual. Os dois se conhecem pela internet e, mesmo à distância, engatam um romance.

O cenário desse amor retratado em “Deserto Particular”, porém, muda de figura quando Daniel vai até o encontro de Sara. A partir daí, o amor dos dois é testado em meio aos preconceitos do policial curitibano. (Estadão Conteúdo)