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Literatura

Autora J. K. Rowling volta ao universo infantil em novo livro

13 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
Funcionária de uma livraria londrina prepara display para "Jack e o Porquinho de Natal", livro de J. K. Rowling lançado mundialmente ontem (12).
Funcionária de uma livraria londrina prepara display para "Jack e o Porquinho de Natal", livro de J. K. Rowling lançado mundialmente ontem (12). (Crédito: JUSTIN TALLIS / AFP)

Após colocar um ponto final em Harry Potter e as Relíquias da Morte, a escritora J. K. Rowling não mostrou vontade em retornar ao universo da literatura infantil. Ao longo dos 13 anos seguintes, se dedicou às histórias policiais, com livros como “Morte Súbita” e a série “Cormoran Strike” -- esta última sob o pseudônimo de Robert Galbraith. Agora, ela resolveu quebrar o jejum: em 2020 com “O Ickabog” e, em 2021, com “Jack e o Porquinho de Natal”.

Obra que chegou às livrarias brasileiras nesta terça-feira (12), Jack e o Porquinho de Natal talvez seja um dos livros menos originais de Rowling. Com fortes influências dos filmes de “Toy Story”, toques de “Divertida Mente” e uma ambientação que lembra “O Cântico de Natal”, de Dickens, a obra conta a história de Jack, um menino que tem uma forte ligação com seu porco de pelúcia chamado “O Poto” -- ou, simplesmente, OP para os íntimos.

No entanto, essa ligação é quebrada quando a filha de seu padrasto se irrita e joga o porquinho pela janela do carro. Sumiu, desapareceu, se perdeu. A partir daí, Jack entra em uma aventura com outros objetos e brinquedos da casa em que mora para tentar resgatar o tal porquinho de uma “terra de coisas perdidas”. Uma história bem similar ao que é visto em Toy Story, quando Woody precisa resgatar Buzz Lightyear após cair, é claro, de uma janela.

Mesmo com essas similaridades, Jack e o Porquinho de Natal é uma leitura gostosa, que passa rápido por ser simples e, ao mesmo tempo, aconchegante. O cenário de inverno natalino, com a rua da casa de Jack branquinha por conta da neve, ajuda a dar o clima de aconchego do livro. J. K. Rowling sabe como se comunicar com esse público, mesmo 14 anos depois de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o mais infantil da saga.

Além disso, é possível encontrar algumas boas mensagens dentro da história. Jack, assim como a colega Holly, passam pela experiência traumática da separação dos pais. Sem exagerar nas tintas, Rowling mostra como isso afeta não só a personalidade e a rotina dos dois, como essas mudanças podem ter reações completamente distintas -- em Jack, esse apego desesperado por OP; em Holly, uma revolta quase que contagiante, angustiante.

Assim, a autora britânica reforça a impressão que o mundo teve, com a saga Harry Potter, de que ela sabe passar boas mensagens através das palavras. É algo que se perdeu durante sua empreitada nas histórias policiais, muito por conta da aspereza de falar sobre assassinatos, investigadores e por aí vai. Em “Jack e o Porquinho de Natal”, assim como em “O Ickabog” no ano passado, há esse resgate de uma J. K. das páginas há tempos não vista. (Estadão Conteúdo)