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Cultura

Fernanda Montenegro será imortal da Academia Brasileira de Letras

Atriz de 92 anos candidatou-se a cadeira vaga e não terá concorrentes

10 de Outubro de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Atriz era única candidata e ocupará a cadeira que tem como patrono o jornalista Hipólito da Costa (1774-1823)
Atriz era única candidata e ocupará a cadeira que tem como patrono o jornalista Hipólito da Costa (1774-1823) (Crédito: DIVULGAÇÃO / GLOBO)

A atriz Fernanda Montenegro será a próxima imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). O resultado oficial será divulgado apenas no dia 4 de novembro, no entanto ninguém quis concorrer com ela, em sinal de respeito. O prazo para novas inscrições já foi encerrado.

Fernanda, que completa 92 anos neste mês, ocupará a cadeira número 17, que era de Affonso Arinos de Mello Franco, morto em março de 2020.

A atriz oficializou sua candidatura no dia 6 de agosto, um dia depois de Gilberto Gil também declarar interesse em fazer parte da ABL, mas em outra vaga.

As cadeiras que eram ocupadas por Alfredo Bosi (12), Murilo Melo Filho (20) e Marco Maciel (39) também estão vagas na ABL.

Uma das mais aclamadas atrizes brasileiras, Fernanda Montenegro já chegou a ser celebrada até mesmo por Carlos Drummond de Andrade: “Ela não se preocupa somente em elevar ao mais alto nível sua arte de representar, mas insiste igualmente em meditar sobre o sentido, a função, a dignidade, a expressão social da condição de ator em qualquer tempo e lugar”.

Em 2019, para comemorar 90 anos de idade, a atriz publicou suas memórias no livro “Prólogo, Ato, Epílogo”. Na obra, ela fala não apenas de sua trajetória pessoal, que começou nos palcos na década de 1950, mas também sobre suas visões a respeito do Brasil.

A primeira peça de Montenegro foi “Alegres Canções na Montanha”, em 1950. Mas sua carreira se espalharia por dezenas de novelas e filmes, para além do teatro.

“A Falecida” (1965), de Leon Hirzsman, foi sua primeira grande aparição no cinema. O mesmo diretor a escalaria também em “Eles Não Usam Black-Tie” (1981). Mas foi em “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, que Fernanda se consagrou e quase ganhou o Oscar de melhor atriz.

Outras aparições memoráveis foram nos filmes “O Auto da Compadecida” (2000), de Guel Arraes, e “A Vida Invisível” (2019), de Karim Aïnouz.

Como funciona

A Academia Brasileira de Letras foi fundada em julho de 1897, nos moldes de sua correspondente francesa. É composta por 40 membros efetivos e perpétuos — daí serem chamados de “imortais” — além de 20 correspondentes estrangeiros. Quando um de seus membros morre, sua cadeira é declarada vaga e os interessados têm dois meses para se candidatar, enviando uma carta ao presidente -- atualmente, o romancista Marco Lucchesi. A escolha se dá por votação secreta dos membros.

De acordo com o estatuto da ABL, só podem ser membros efetivos os autores que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, “publicado obras de reconhecido mérito” ou, fora desses gêneros, “livro de valor literário”. Mas, na prática, não é bem assim. É comum a instituição abrigar nomes estranhos à literatura, desde que reconhecidos em outras áreas da cultura ou, mesmo, da política.

Os membros da ABL recebem um salário fixo (de valor não divulgado) e bonificações semanais de acordo com o número de reuniões a que comparecem. Algo assim como um “contrato de produtividade”, que pode render até R$ 12 mil mensais. (Da Redação e Estadão Conteúdo)