Cultura
Gaby Amarantos destaca sua autenticidade em novo álbum
"Purakê" apresenta versão mais intimista da cantora paraense
Em um mundo com constantes mudanças, onde haters e fãs te observam pelas redes a cada passo -- e não se seguram em dar opiniões controversas --, não há nada mais corajoso do que se manter autêntico. Orgulhar-se de suas origens é algo bonito de se ver em qualquer pessoa, e alguns artistas conseguem traduzir isso também em seus trabalhos. Em seu segundo álbum, “Purakê”, que está nas plataformas digitais desde quinta-feira (2), Gaby Amarantos canta seu amor pelo Pará, sua terra natal, em forma de letra, ritmo e imagens. A cantora conta como foi esse processo.
“Eu queria falar desse amor em várias etapas: tem caos, tem natureza, tem renascimento e era muito importante eu poder mostrar a identidade visual dessas pessoas”, diz ela. Gaby conta que fez questão de colocar toda a riqueza da região em cada processo: a começar pela capa do álbum, na qual ela imita uma árvore, até parcerias com grandes nomes do tecnobrega. O nome do álbum, “Purakê”, também não foi escolhido por acaso: é uma alusão ao peixe amazonense poraquê, dotado de uma eletricidade natural que pode ser superior aos 500 volts e, em alguns casos, chegar aos 1.500 volts.
“Lembro que, quando era eu pequena e estava chegando de barco na floresta, era muito lindo, porque as árvores estavam no mesmo plano. Aí meu avô apontava para a samaumeira, minha árvore preferida -- para mim, é a presença de Deus na natureza --, e falava: ‘tá vendo, aquela ali é a árvore mágica. Se você fizer um pedido para ela, vai se realizar’. Lembro que fazia pedidos de querer ser artista e ser uma coisa colorida, uma coisa brilhosa, nem entendia direito o que era ser artista, mas imaginava ser uma coisa em que me tornei”, relembra. “Pisar nessa terra, saber o nome dos frutos, das árvores, ouvir o canto dos pássaros e saber identificar, toda essa experiência amazônica é muito rica. E a gente trouxe um pouquinho disso no ‘Purakê’.”
O processo criativo foi feito a bordo de um barco, em pleno rio Tapajós, durante uma imersão criativa que a cantora, o produtor Jaloo, o guitarrista Lucas Estrela e o marido Gareth Jones, que também é o diretor criativo do trabalho, fizeram. “Foi um álbum pensado para a Amazônia, que nasceu no meio da Floresta Amazônica e que a gente realmente acredita que vai trazer para as pessoas essa experiência, para além do que a gente imagina ser, para poder refletir, chorar, cantar e passar por esse turbilhão de emoções eletrizantes”, descreve.
“Purakê” surge quase dez anos depois de “Treme” (2012), primeiro álbum da cantora, que trazia a música “Ex Mai Love” na faixa dois e a deixou conhecida nacionalmente, depois de ter sido tema de abertura da novela das 19h “Cheias de Charme”, da Rede Globo. Enquanto no primeiro a maioria das músicas era dançante e com batidas fortes, o novo álbum também traz versões mais lentas, para refletir. “Acho que é um disco que vai representar bem toda a diversidade, pra gente parar de ver a Amazônia como uma coisa só. Eu quero propor refletir sobre essa Amazônia daqui a 50 anos Onde vamos estar?”, indaga. (Da Redação com Estadão Conteúdo)