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Cultura

Masp terá prédio na Paulista para abrigar exposições temporárias

22 de Agosto de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Novo prédio terá ligação subterrânea com o museu da av. Paulista.
Novo prédio terá ligação subterrânea com o museu da av. Paulista. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Há anos, São Paulo convive com o espectro do que foi um dia o edifício Dumont-Adams, no ponto central da avenida Paulista, ao lado de seu maior cartão-postal, o Museu de Arte de São Paulo (Masp). Projetado para ser uma extensão do museu, ele finalmente sai do papel após todo esse tempo abandonado.

O diretor-presidente do Masp, Heitor Martins, e o presidente do Conselho do museu, Alfredo Setubal, anunciaram a retomada das obras, paralisadas desde 2013 por uma disputa judicial com o patrocinador inicial, a empresa de telefonia Vivo, que virou parceira na construção -- objeto de negociações com os órgãos de patrimônio, pois se encontra na área envoltória do Masp, protegido em todas as instâncias, embora o Dumont-Adams, prédio de luxo, não fosse tombado.

O novo prédio do museu, que será batizado com o nome do seu primeiro diretor artístico, o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999), terá 14 andares e será ligado ao Masp por uma passagem subterrânea, aumentando em 6.945 metros quadrados (m2) sua área.

Nele, serão instaladas galerias, salas de aula, reserva técnica, laboratório de restauro, restaurante, loja, áreas de evento e bilheteria. A capacidade de abrigar mais visitantes foi pensada como uma estratégia para fazer do Masp -- que passa a ser chamado pelo nome da arquiteta que o projetou, Lina Bo Bardi (1914-1992) -- um museu do futuro, reforçando seu papel como referência internacional, segundo Heitor Martins.

A instituição já ostenta o melhor acervo de arte europeia do Hemisfério Sul e será uma das mais modernas infraestruturas museológicas das Américas. De fato, poucos museus nessa região do globo têm uma coleção como a do Masp, que cobre praticamente todos os séculos da arte europeia -- de Botticelli a Picasso, o museu abriga telas de Bosch, El Greco, Goya, Ingres, Manet, Matisse, Monet e Van Gogh, entre outros. São mais de 14 mil obras, entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos. Essas peças não são produtos exclusivos da Europa. O Masp tem obras africanas, asiáticas e americanas. Há alguns anos, elas foram avaliadas pela Sotheby’s em mais de US$ 1 bilhão.

O projeto arquitetônico do novo prédio, uma coautoria de Júlio Neves com o escritório Metro Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni, vai custar R$ 180 milhões e será totalmente financiado por doações de pessoas físicas. “Viabilizar a construção do anexo por meio de doações resulta do novo modelo administrativo do Masp, que conta com a sociedade civil”, observa Heitor Martins. “As famílias doadoras entenderam o significado de fazer uma doação sem incentivos da Lei Rouanet”, conclui Alfredo Setubal, presidente do Conselho do Masp.

O presidente do Conselho do Masp acredita que a expansão do museu “consolida a avenida Paulista como o mais importante eixo cultural do Brasil”. Com previsão de entrega para 2024, o edifício Pietro Maria Bardi, que será ligado por um túnel ao histórico prédio projetado por Lina Bo Bardi, terá em seus 14 andares sete galerias (cinco expositivas e duas multiúso), representando um aumento significativo da área do Masp destinada a exposições.

Ao final da reforma, a área total do Masp será de 17.680 m2 (hoje, são 10.485 m²). “Vamos aumentar em 66% a capacidade expositiva do museu com a interligação entre os dois prédios”, diz Setubal. (Da Redação com Estadão Conteúdo)