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Cultura

Livro traz a transformação do espaço da EFS

História do conjunto de edificações é o tema central da obra de Luciano Leite que será lançada hoje

15 de Agosto de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
O complexo da EFS é composto por quarenta construções.
O complexo da EFS é composto por quarenta construções. (Crédito: EMIDIO MARQUES / ARQUIVO JCS)

Analisar o movimento de transformação do conjunto arquitetônico da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), que ocupa uma área total de 199 mil metros quadrados no coração de Sorocaba, é o objetivo do livro “Estrada de Ferro Sorocabana e a reinvenção do passado”, que o escritor, dramaturgo e produtor cultural Luciano Leite lança hoje (15), dia do aniversário da cidade, às 19h30, no Centro de Memória Ferroviária de Sorocaba (Estação Paula Souza). Haverá venda de livros no local e uma palestra sobre o tema. A obra foi publicada por intermédio do ProAC Editais da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Luciano faz da história da sua cidade a fonte para sua produção artística. Já escreveu uma obra de ficção -- “Contos de uma cidade morta” -- com pano de fundo no Cemitério da Saudade, o mais antigo de Sorocaba; e dirigiu dois espetáculos relacionados com a história da ferrovia: “Trabalho -- O Homem, o Tempo e o Espaço”, espetáculo de dança em que bailarinos deram vida aos movimentos e histórias dos operários da Sorocabana; e “Estações”, peça teatral encenada dentro de um antigo vagão de trem. Nesse contexto, percebeu as mudanças de usos do conjunto arquitetônico da antiga Sorocabana, atualmente concedido à empresa Rumo, que devido às novas tecnologias e necessidades operacionais do setor ferroviário não demanda mais a utilização da mesma quantidade de espaços outrora fundamentais para a atividade de transporte. Parte considerável dos edifícios já não cumprem suas funções originais, e apresentam-se subutilizados ou abandonados, sofrendo com a falta de manutenção e a ação do tempo.

Luciano Leite ministrará palestra sobre o tema, hoje. - DIVULGAÇÃO
Luciano Leite ministrará palestra sobre o tema, hoje. (crédito: DIVULGAÇÃO)

O complexo, fruto do ideário de desenvolvimento e progresso da segunda metade do século 19, é composto por quarenta construções e que incluiu oficinas, escola, depósito, barracões, armazéns e centro recreativo, entre outras funções. Ao longo do tempo, a maior parte de suas edificações perdeu suas funções originais, mas ganharam novos usos sociais e, recentemente, a maior parte do conjunto foi tombada como patrimônio histórico, tanto no âmbito estadual (Condephaat), como na esfera municipal (CMDP).

Para o autor, essa mutação de valores é resultado de um movimento de perda de prestígio na dinâmica dos transportes, por um lado, e de valorização como suporte da memória, por outro. Por isso, o livro pretende olhar para os novos usos sociais e projetos para a área, verificar suas compatibilidades com o espaço tombado e como a sociedade está se reapropriando deste patrimônio num processo vivo de “reinvenção do passado”.

A pesquisa vai além do Complexo Ferroviário ao eleger a Sorocabana enquanto representatividade de uma sociedade que “se pensou e se imaginou” moderna em fins do século 19. Leite acredita que a cidade que empresta seu nome à ferrovia não é um capítulo à parte da história, pois representa um microcosmo do mesmo movimento pelo País. Do mesmo modo, para entender a situação atual desse conjunto arquitetônico, considera necessário acompanhar os diferentes olhares sobre ele ao longo do tempo e levar em consideração as mudanças na matriz de transportes implementadas por sucessivos governos que fez do trem um meio secundário entre os diferentes modais.

O Centro de Memória Ferroviária de Sorocaba fica na Estação Paula Souza, à rua Dr. Paula Souza, nº 420, Centro, em Sorocaba. (Eric Mantuan)

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