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Cultura

Curta ‘Lá Fora’ é destaque nacional

Festival de cinema de Cuiabá abre nova categoria para premiar produção do diretor Guilherme Telli, de Votorantim

23 de Junho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Guilherme Telli dirigiu o curta que também foi premiado no 4º CineForte (Paraíba).
Guilherme Telli dirigiu o curta, que também foi premiado no 4º CineForte (Paraíba). (Crédito: JOSÉ NETO/DIVULGAÇÃO)

O 20º Cinemato, de Cuiabá-MT, um festival de cinema de grande destaque nacional, abriu uma nova categoria para contemplar um filme de Votorantim: o troféu de Menção Honrosa de Solução de Linguagem, que foi especialmente destinado ao curta “Lá fora”, do diretor Guilherme Telli.

Guilherme, que mora em Votorantim, está feliz por trazer esse prêmio para a região. Ele conta que além das premiações pré-estipuladas, o júri abriu mais duas menções honrosas. E uma foi para “Lá fora”, por sua criatividade e adaptabilidade. “Disseram ter ficado abismados como conseguimos fazer um filme com apenas três pessoas no set e custo zero, e ainda assim, ter tamanha qualidade. Tanto técnica, quanto com relação à proposta do tema, por abordar o confinamento e a esperança”, afirma o diretor. Na premiação, Guilherme conta que disseram o seguinte: “A gente precisava abrir uma nova menção honrosa. Precisava arranjar um jeito de premiar esses caras.”

“Lá fora” tem alcançado um bom destaque. Em fevereiro, foi premiado no 4º CineForte (Paraíba), na categoria Melhor Edição.

Além de dirigir o curta, Guilherme conta que teve de se multiplicar em três personagens na trama. O filme mostra três presidiários confinados em sua cela, narrando a fuga de um quarto personagem, o protagonista, que em nenhum momento aparece.

Conforme Guilherme, essa é uma das sensações pelas quais tem passado durante este período: tem algo acontecendo lá fora, que é possível supor, porém sem muita autonomia para interferir.

Projeto Coronavidius

O curta tem fotografia de Nando Gatti, edição e finalização de Alexandre Valentim, e ainda trilha sonora original composta pelo músico e produtor musical sorocabano Maurício Nogueira. Esse é o terceiro filme de uma série realizada durante a quarentena, intitulada “Quadrilogia da Pandemia”, e que faz parte do Projeto Coronavidius. A série de vídeos, composta ainda por “Agora... vê”, “Ilusões perdidas” e “Nu escuru”, conta com textos poéticos pertinentes ao atual momento, em especial ao universo peculiar dos artistas e seus dramas -- mais intensificados com a pandemia.

No curta, prisioneiros contam a história de um outro personagem, que fugiu do local. - Divulgação
No curta, prisioneiros contam a história de um outro personagem, que fugiu do local. (crédito: Divulgação)

Vale destacar que “Ilusões perdidas” foi premiado no mês passado no 2º Inhapim Cine Festival, um festival internacional de cinema em Inhapim (MG). Levou os troféus de Melhor Ator, Direção de Arte e Trilha Sonora, todos assinados por Guilherme. “Foi uma trilha sonora adaptada. Eles gostaram e premiaram”, conta o artista. “O festival tinha um formato muito interessante, onde quem votava eram os próprios cineastas das outras categorias. Então os realizadores dos longas é que votaram nos curtas. Entende a diferença? Quem faz arte, que está menos interessado em fazer lobbys, vê essencialmente a arte do outro. E nesse sentido, gostaram muito do nosso trabalho”, comemora.

Guilherme conta que continua inscrevendo os quatro curtas do projeto nos festivais. “E na torcida para que se encantem com nossas obras. Digo sempre nossas, porque apesar de ser o idealizador, têm outros dois profissionais que entraram na brincadeira, o Nando Gatti, que assina a fotografia, e o Alexandre Valentim, responsável pela montagem/finalização.”
Interessados em assistir aos curtas da “Quadrilogia da Pandemia” podem acessar o Instagram do projeto @coronavidius.oficial.

Trajetória de sucesso

Natural de Mafra (SC), Guilherme Telli mora em Votorantim desde 2004. Ator, arte-educador, palhaço, produtor cultural e diretor de cinema, Guilherme acumula 24 anos de carreira, ao longo da qual recebeu diversas premiações. Ele conta que começou como ator, em 1997, atuando com grupos de Santa Catarina. Quando veio morar no Estado de São Paulo, teve início uma outra etapa da sua carreira. Foi quando conheceu artistas de Sorocaba. Trabalhou com nomes como Mario Persico, Fernando Lomardo, Angela Barros, Rodolfo Amorim e Silvestre Guedes, entre outros.

Como integrante do Grupo Devaneio, ganhou o Prêmio ATS (da Associação Teatral de Sorocaba) como Melhor Ator de 2008, pela montagem de “Mórbus”, uma adaptação do conto “A queda da casa de Usher”, de Edgar Allan Poe.

Guilherme também trabalhou como ator do Grupo Katharsis, de 2007 a 2012, vencedor do Prêmio CPT (da Cooperativa Paulista de Teatro) de 2010, pelo espetáculo “Astros, patas e bananas”.

De 2013 a 2015 participou do espetáculo “Nossa cidade”, pelo CPTMacunaíma, de São Paulo, sob direção de Antunes Filho. A montagem foi vencedora do APCA 2013 na categoria Melhor Espetáculo, também ganhou o Shell como Melhor Direção e foi ainda classificada como Melhor Espetáculo de 2013 pela Revista Veja e pela Folha.

Em sua carreira, Guilherme também fez participações como ator nas novelas “Chiquititas” (SBT), em 2014, e na novela “Haja Coração” (Globo), em 2016.

No cinema trabalhou nos premiados curtas de Marcelo Domingues, “O ciclo da luz” e “A estação do silêncio”, em Votorantim, além do longa “Procuradas”, de Zeca Pires e José Frasão, em Florianópolis, e do curta-metragem “Sorria! Você está sendo filmado”, de Chico Caprário, também em Florianópolis (SC) -- filme que ganhou vários prêmios no Festival de Cinema de Gramado (RS).

Dirigiu alguns espetáculos, e mais recentemente, se enveredou para a direção de cinema.

“Meu primeiro curta, na criação e direção, foi um documentário, premiado também, no Cinefest Votorantim. E depois, por conta da pandemia, entrei de cabeça no cinema”, conta. Guilherme se refere ao filme “Novas velhas histórias”, de 2019, feito em parceria com André Fidalgo. Esse trabalho recebeu os prêmios de Melhor Curta Regional, Melhor Direção e Melhor Curta Júri Popular no 11º Cinefest Votorantim. “Quando algum curta ganha alguma coisa, é muito bacana. É um reconhecimento dos ‘humildes’, de quem faz, mesmo sem recursos. Acho importante apoiarem e incentivarem ‘o fazer’ e não só ‘o fazer com muita grana’, aos moldes hollywoodianos que tanto idolatra-se por aqui”, comenta. (Daniela Jacinto)

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