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Covid-19

Morre o escritor Vicente Cecim, autor de ‘Viagem a Andara’

15 de Junho de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Cecim estava com 74 anos e, segundo a família, também lutava contra um câncer.
Cecim estava com 74 anos e, segundo a família, também lutava contra um câncer. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Morreu ontem à tarde, vítima de Covid-19, o escritor, cineasta e jornalista brasileiro Vicente Franz Cecim, aos 74 anos. Reconhecido pela crítica nacional e internacional e comparado a Guimarães Rosa, Cecim deixou vasta obra entre livros e filmes. Conhecido como “Cecim da AmazoOnia”, ele é o criador de “Viagem a Andara oO livro invisível”, livro imaginário, não-escrito, ou literatura fantasma, como definia, de onde emanam os livros visíveis de Andara, os que ele escreveu. Conforme a família, sua saúde já estava debilitada devido a um tratamento de câncer.

Recentemente Cecim desenvolvia o projeto “A cicatriz perfeita”, selecionado pelo edital de Artes Visuais - Lei Aldir Blanc Pará. Tratava-se de uma série intitulada “VidaSim” e estava em seu terceiro episódio. O projeto consiste na publicação de livro e também em áudiolivro feito por meio de lives em que o autor interagia com os seus leitores pelo YouTube.

Antes de iniciar sua obra literária, Cecim realizou em super-8 nos anos 70 o ciclo de filmes kinemAndara, agora exibidos em versão digital. Suas reflexões sobre o cinema evocam a permanente tensão da escrita entre o visível e o invisível. Voltou a filmar quase 30 anos depois, em 2007, para fazer com seu filho “Marráa Yaí Makúma - Aquele que dorme sem sono”, disponível no You Tube e no Vimeo, entre outros vídeos do fotojornalista e cineasta Bruno Cecim, que já trabalhou no jornal Cruzeiro do Sul. Entre os filmes mais recentes constam “A Lua é o Sol”, “Fonte dos que dormem” e “K+afka”.

A obra de Cecim é muito estudada por pesquisadores e há várias teses de mestrado e doutorado analisando seus livros. Uma delas, desenvolvida na PUC do Rio Grande do Sul por Danieli dos Santos Pimentel, para a obtenção do título de doutora em Letras, na área de Teoria da Literatura, a estudante fez um agradecimento especial ao escritor “pela sensibilidade de tornar visíveis os infinitos livros que existem dentro de si, por dar vida aos livros de Andara, que serviram de objeto de estudo e pesquisa para a tese. Além disso, por ter a capacidade inventiva e poética de criar um ciclo de obras que convida à travessia ao universo andariano, para que outros leitores e pesquisadores possam ter acesso a esse conjunto de obras. Muito obrigada por fazer-me conhecer lugares cintilantes e permitir que eu chegasse ao ‘Sim’ dessa jornada.”

Cecim nasceu e vivia na Amazônia, em Belém. A obra completa de “Viagem a Andara” contém 18 livros visíveis que transfiguram a Amazônia em região cósmica. A saga, iniciada em 1979, também foi publicada posteriormente em um único volume, de 1.238 páginas. A ela Cecim devotou toda a sua vida. O escritor deixa os filhos Arthur, Virgínia e Bruno, além de netos. (Da Redação)