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Cultura

Zélia Duncan comemora 40 anos de carreira com ‘Pelespírito’

Álbum com músicas inéditas já está disponível nas plataformas digitais

30 de Maio de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Trabalho foi feito durante a pandemia. Letras falam de questões íntimas e sociais.
Trabalho foi feito durante a pandemia. Letras falam de questões íntimas e sociais. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Quem ouvir Pelespírito, novo álbum de Zélia Duncan que acaba de chegar às plataformas digitais pela Universal Music, seguindo a ordem de músicas proposta pela autora -- algo mais raro de acontecer atualmente, já que o ouvinte agora percorre caminhos sinuosos e não em linha reta --, vai perceber que há nele um roteiro idealizado pela cantora e compositora fluminense

Esse itinerário, pensado e escrito em parceria com o poeta e músico pernambucano Juliano Holanda, tem a ver com o que Zélia queria expressar, mesmo que de maneira natural -- ela se diz avessa à ideia de uma mensagem preestabelecida --, em um disco totalmente de músicas inéditas feito durante um dos períodos mais sombrios para a humanidade, e em especial para o Brasil.

Como a faixa que abre o álbum e que o batiza indica, há uma preocupação em entender o que se sente, porém sem esquecer daquilo que o outro possa estar vivendo. É se curar para poder ajudar o próximo. Por fim, buscar uma saída como mostra a faixa “Vai Melhorar”, que não por acaso encerra o disco e suaviza certo ar de tristeza -- e não apenas isso -- que o álbum traz.

Ouvi-lo, então, na ordem, revela as fases comuns a todos nesta quarentena que parece não ter fim: o se sentir estranho (“Pelespírito”), mirar os olhos para o belo quando se precisa ver o mudo da janela (“Eu Moro Lá”), encarar “300 asnos” (“Nas Horas Cruas”), amar simplesmente (“Nossas Coisinhas”), encontrar a alegria dentro da tristeza (“Raio de Neon”) e buscar saídas (“Onde É Que Isso Vai Dar?”).

Pelespírito chega no momento em que Zélia crava 40 anos de carreira -- considerando-se apenas a fonográfica, são três décadas desde o lançamento de Outra Luz, quando ela assinava com o nome de Zélia Cristina.

“Tenho muito orgulho de comemorar com um álbum de músicas inéditas. Isso não é fácil. Em um mundo no qual todos querem tudo mastigado, é importante manter esse frescor”, diz Zélia, que já soma 15 álbuns lançados. Outra data importante são os 20 anos do álbum “Sortimento”, o que tem “Alma”, um de seus grandes sucessos. O lançamento atual e o que faz aniversário estão previstos para sair em vinil, em breve.

Outra faixa forte é “Você Rainha” que fala sobre violência doméstica. “Eu a dedico às mulheres que ficaram em casa com seus algozes ou foram vítimas de feminicídio, que é uma das doenças do Brasil. Nós, mulheres, conhecemos as assediadas. Somos as que sofrem essa violência. Sou essas mulheres. Todas nós somos essas mulheres. Essa canção é um carinho em todas elas. E ela propõe uma virada. Quando a mulher se sente um animal, uma fêmea que se protege, protege suas crias, se torna a rainha de sua vida”, diz ela em entrevista concedida via internet.

Atenta aos acontecimentos, a cantora fala com a reportagem de sua casa na capital paulista. Recém-mudada para São Paulo, Zélia diz que está sempre na contramão dos movimentos e casou-se com a designer Flávia Soares. Sobre o momento atual da pandemia no Brasil, ela é taxativa. “Não quero estar do lado de quem não usa máscara, de quem nega a vacina. Tenho aprendido que é preciso estarmos mais juntos para sairmos dessa. E não é o mais junto romântico. É no sentido de que, se eu não te respeitar e se você não me respeita minimamente, não vamos conseguir nada.” (Da Redação com Estadão Conteúdo)