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Fotografia

Fotografar pode ser uma forma de terapia

Fábio Rogério mostra que a arte de capturar imagens auxilia em tratamentos contra a depressão e outros transtornos

25 de Abril de 2021 às 00:01
Kally Momesso [email protected]
Fotógrafo há 23 anos, Fábio destaca a fotografia como forma de expressão.
Fotógrafo há 23 anos, Fábio destaca a fotografia como forma de expressão. (Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

O fotógrafo e fotojornalista sorocabano, Fábio Rogério, desenvolveu um trabalho para associar a prática de fotografar como forma de terapia para transtornos mentais. Segundo a sua pesquisa, a fotografia se tornou eficaz no resgate da autoestima e se tornou um instrumento que cria vínculos por meio de temas cotidianos. Dessa forma, a análise apresentou resultados positivos sobre o processo terapêutico.

Estima-se que quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais no mundo, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A fotógrafa Arielle Bobb Willis, é um exemplo de pessoa que convive com a depressão desde a juventude. “No começo de sua adolescência, ela usava sua câmera como ferramenta para lidar com isso. Suas fotos têm um resultado inesperado, algo que não se espera de um trabalho lidando com este tipo de questão. Ela descreve sua matriz de cores e contrastes como algo que reivindica o poder e a alegria em momentos de tristeza, confusão ou confinamento”, descreveu Fábio em sua pesquisa.

Fotógrafo há 23 anos, ele exemplificou com outros artistas que também lutaram contra a depressão. “Vincent Van Gogh, Diane Arbus e Francesca Woodman são exemplos de artistas, cujo trabalho é repleto de reflexões sobre seus sofrimentos”, pontuou ele, que faz parte da equipe de profissionais do jornal Cruzeiro do Sul há 15 anos.

Fábio relacionou a fotografia, o papel de informar e expressar o sentimento artístico. “Ela [fotografia] mostra o que há de mais belo no mundo em que vivemos. E, por algumas vezes, um mundo que sequer sabíamos existir. Portanto, penso que, desse modo, a expressão artística ultrapassa esses significados e atinge um espaço superior que é o terapêutico”, escreveu o fotojornalista.

Ele também associou a fotografia ao desenvolvimento afetivo e social e aperfeiçoamento das relações. “Diversas pesquisas demonstram que o processo terapêutico é potencializado pela fotografia, tornando-se um forte recurso de promoção de saúde. A fotografia digital passa a ser uma forma de trabalhar a linguagem e a construção de sentido, aproximando pessoas”, e continuou “com a fotografia como assunto, todos nós, especialmente os mais tímidos, podemos melhorar o relacionamento afetivo, social”.

Em sua pesquisa o fotógrafo lembra de vários artistas que, apesar dos transtornos, se expressaram por meio da imagem. - FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO
Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO / Descrição: Em sua pesquisa o fotógrafo lembra de vários artistas que, apesar dos transtornos, se expressaram por meio da imagem.

“Atualmente, muitas formas de expressão artísticas são usadas como ferramentas para busca do autoconhecimento, equilíbrio pessoal e até mesmo como tratamento para algumas patologias, como depressão. O conhecimento técnico aprofundado não é requisito necessário para que se possa realizar uma sessão de fotografia terapêutica”. O fotógrafo explicou ainda que a fotografia terapêutica pode auxiliar na reabilitação psicossocial de um indivíduo.

Dessa forma, Fábio Rogério afirmou que é necessário “promover e potencializar a autonomia pessoal, o exercício de escolha, espera e decisão; possibilitar uma união com o aspecto social, para uma melhora no senso de existência”. Para ele, o ato de se recriar por meio da intuição, esforço e criatividade artística, explorando as potencialidades da fotografia como terapia, reforça o senso de responsabilidade e traz melhorias na qualidade de vida do paciente.

Entre os benefícios de se produzir a fotografia terapêutica, está o desenvolvimento da comunicação e interação social. Por isso, o fotógrafo destaca que essa percepção de mundo deve ser desenvolvida desde cedo. “Existem várias escolas que colocam a fotografia na grade para que grupos de alunos mostrem sua capacidade de se expressar. Um adolescente que vai para o ensino médio, ele já começa a desenvolver a sua arte. A fotografia terapêutica é boa para ele sair trabalhando em grupo e com melhor comunicação. A fotografia ajudou seus alunos a saírem do seu mundo fechado”, disse.

Fábio Rogério também ministra cursos, palestras e workshops. Ele afirma que após a pandemia voltará a realizar essas ações, e fotografar como forma de terapia certamente estará entre os assuntos que serão tratados com as próximas turmas. Para conhecer mais sobre o trabalho do fotojornalista, os interessados podem acessar a página do Facebook (https://www.facebook.com/fabio.rogerio.98) e outras redes sociais do profissional. (Kally Momesso - programa de estágio / Supervisão: Carolina Santana)

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