Músicos revivem Elizeth Cardoso e Zimbo Trio
Victor Vieira-Branco, que morou na cidade por vários anos, não descarta que projeto chegue a Sorocaba. Crédito da foto: Marcela Guimarães / Divulgação
O célebre encontro da cantora Elizeth Cardoso com o aclamado Zimbo Trio em 1968 no palco do Teatro João Caetano, será homenageado nesta sexta-feira (3) em um concerto inédito que ocorre às 20h, na Unibes Cultural, na capital paulista, com ingressos a R$ 30. A iniciativa de remontar o show, com sonoridade bastante semelhante à original, é do vibrafonista Victor Vieira-Branco, de Sorocaba, que dividirá o palco com o contrabaixista acústico Fabio Sameshima e o baterista Sérgio Machado, filho do compositor e violonista Filó Machado. Já a potência e a versatilidade da voz de Elizeth serão representadas pelos cariocas Ava Rocha e Negro Leo e a paulistana Ana Passarinho.
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O concerto marca a estreia da sessão itinerante do projeto “Trabalho Sujo apresenta”, criado pelo jornalista, curador de música e diretor artístico Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo (www.trabalhosujo.com.br) que visa divulgar novos talentos e espetáculos surgidos neste novo século.
Diretor musical do espetáculo, Victor Vieira-Branco comenta que teve a ideia de montar um show em tributo ao Zimbo Trio e Elizeth Cardoso há alguns anos, mas o projeto estava engavetado. O encontro em questão, ocorrido há quase 50 anos, se deu de maneira espontânea, com intuito de arrecadar recursos financeiros para o Museu da Imagem e do Som (MIS), que seria inaugurado dois anos mais tarde. “Pelo que pesquisei, eles quase não ensaiaram. Foi tudo muito natural”.
Além de Elizeth, o Zimbo Trio, liderado pelo pianista Amilton Godoy, teve participação de Jacob do Bandolim e seu grupo, o Época de Ouro. O show histórico, realizado um ano antes da morte de Jacob, foi gravado ao vivo e resultou em dois LPs (“Elizeth Cardoso -- Zimbo Trio -- Jacob do Bandolim Vol. I e Vol. II”) lançados ainda naquele ano. Em 1977, um terceiro volume foi lançado com o subtítulo “Fragmentos inéditos do histórico recital”.
O instrumentista comenta que se deparou com a obra por acaso, em meio a uma pesquisa de imersão na discografia que ajudou a fundar e consolidar as bases da música popular brasileira. “Fiquei em choque na primeira vez que ouvi. O curioso é que, apesar da relevância histórica, esse disco não se tornou exatamente um clássico”, considera. “Por algum motivo, acabou passando à margem. Mas ele só não é um clássico até as pessoas ouvirem”, acrescenta. Fenômeno parecido ocorre com a própria Elizeth Cardoso que, segundo Vieira Branco, apesar de ter sido referência para muitas intérpretes, “tem sido esquecida pelas novas gerações”.
Diferentemente da formação original, o piano polirrítmico de Amilton Godoy será substituído pelo vibrafone de Vieira-Branco. Segundo o instrumentista, é uma forma de mostrar as a versatilidade harmônica e melódica do vibrafone. “Não vou negar que tem um pouco do meu desejo de mostrar que é capaz tirar o instrumento [vibrafone] do lugar de complemento”, admite. No palco, o trio revisitará músicas consagradas no disco como “Cidade vazia”, de Baden Powell; “Carolina”, de Chico Buarque, e “Modinha”, de Tom Jobim.
Apesar de ser a primeira audição pública do projeto, o vibrafonista não descarta a possibilidade de itinerar com o projeto, inclusive por Sorocaba, cidade que ele a tem como uma espécie de segunda cidade natal. Filho de pai sorocabano, Victor Vieira-Branco nasceu nos Estados Unidos e se mudou para o Brasil em 2009, se radicando em Sorocaba até o ano passado, quando se mudou para São Paulo. “É um projeto especial que tem força para continuar celebrando esse encontro”, conclui. (Felipe Shikama)