Manto tropeiro representará Sorocaba na Bienal Naïfs
Manto faz parte da Bienal voltada à valorização da estética tradicional da cultura popular. Crédito da foto: Divulgação
As sorocabanas Angeles Paredes Toral e Carmen Dolores Kuntz Almeida foram selecionadas para a 15ª edição da Bienal Naïfs do Brasil, mostra realizada pelo Sesc Piracicaba e considerada a mais importante do País voltada à valorização da estética tradicional da cultura popular.
A dupla foi selecionada pela curadoria coletiva com a obra “Manto tropeiro: Um breve olhar do caminho das tropas”, uma peça de algodão cru com bordado manual livre e pinturas aquareladas que contam a história do tropeirismo e destacam a importância deste ciclo econômico para Sorocaba e para o Brasil.
Todo o trabalho, inclusive o bordado, foi feito artesanalmente. Crédito da foto: Divulgação
Angeles destaca que a peça foi confeccionada no ano passado, dentro de um projeto voltado ao resgate do tropeirismo coordenado pelo jornalista, escritor e historiador Sérgio Coelho de Oliveira e realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba (Linc).
Intitulado “Conversa para boi dormir”, o projeto contou com rodas de conversa com o próprio pesquisador, fundador e presidente do Centro de Estudos Históricos Caminhos das Tropas (Cehicat), e oficinas de bordado livre, cestaria em palha de bananeira, trançado em couro e tear manual.
Angeles, produtora do projeto, veste a obra feita com a artesã, Carmen. Crédito da foto: Divulgação
Angeles, que foi a produtora do projeto e Carmen, artesã, bordadeira e costureira e arte terapeuta que foi uma das oficineiras do projeto, relembram que o intuito dessas oficinas foi destacar e valorizar o trabalho manual e especialmente feminino, que, apesar de pouco visível, está presente em toda a cultura tropeira. “Esse manto que fizemos é uma forma de resgate da mulher tropeira e da artesania das mãos das mulheres no ciclo tropeiro. Nas Feiras de Muares, em Sorocaba, as senhoras faziam mantos, borneis, redes, e doces, mas não podiam sair na rua para vender. Só quem vendiam eram os escravos”, relata.
Bienal
Todo o trabalho, inclusive o bordado, foi feito artesanalmente. Crédito da foto: Divulgação
Sob o título “Ideias para adiar o fim da arte”, a 15ª Bienal Naïfs do Brasil estava prevista inicialmente para abrir em agosto no Sesc Piracicaba, mas em função da pandemia, a exposição ainda não tem data de abertura ao público. O recorte curatorial é assinado pelas artistas convidadas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes. O anúncio dos artistas premiados na edição 2020 da mostra ocorreu nesta semana.
No final do ano passado, de quase 1 mil trabalhos inscritos, foram selecionadas 212 obras de 125 artistas, de 21 estados brasileiros. As obras e instalações dessa edição apresentam técnicas como pintura, colagem, desenho, aquarela, gravura, escultura, entalhe, bordado, costura, crochê, marchetaria e modelagem. (Felipe Shikama)
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