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Macs recebe novas exposições: "Silêncio tátil" e "Flume"

07 de Maio de 2019 às 22:50

Macs recebe duas novas exposições Obra integrante da exposição “Silêncio tátil”, de Elisa Stecca. Crédito da foto: Divulgação

“O silêncio está tão repleto de sabedoria e de espírito em potência, como o mármore não talhado é rico em escultura”. A frase, do romancista inglês Aldous Huxley, foi um eco que norteou a exposição inédita “Silêncio tátil”, da artista visual, designer e joalheira Elisa Stecca, que poderá ser vista na sala 2 do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs). Simultaneamente, na sala 1, o museu recebe a exposição “Flume”, da artista visual Patrícia Carparelli. Ambas exposições serão abertas oficialmente amanhã, às 18h, e poderão ser conferidas até 7 de junho, de terça a sexta, das 10h às 17h, com entrada gratuita e aberta ao público.

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Criada especialmente para a exposição, “Silêncio tátil” foi concebida como uma mostra inclusiva e propõe uma experiência sensorial por meio de um vídeo e de esculturas táteis, além de uma vivência de supressão dos sentidos tradicionais, como uma maneira de acesso ao sexto sentido: a percepção. A mostra reúne três obras inéditas, “Estilingue”, “Silêncio tátil” e “Silêncio compartilhado”, com curadoria de Paula Alzugaray. “É um prazer para nós expor esse conjunto de obras de autoria da Elisa e ver todo o cuidado com que ela preparou cada um dos trabalhos para serem acessíveis também às pessoas com deficiência visual”, comenta a presidente do Macs, Cristina Delanhesi.

“Estilingue” é um objeto escultórico que reúne aspectos fundamentais da formação da artista, como artes plásticas, joalheria e pesquisa alquímica. Nela, uma gota de vidro transparente serve de recipiente para a água e o mercúrio, suspensa por uma estrutura em latão e ancorada por uma pirita rosa e faixas de couro. Sentimentos de sedução, repulsa, perigo e beleza se misturam em suspensão, contemplação e suposição, tornando-se uma surpresa perante o metal líquido, insondável e misterioso.

Já “Silêncio tátil” traz esculturas de cerâmica metalizada em alta temperatura, que remetem às formas líquidas do mercúrio. As obras, segundo a artista, foram concebidas para serem tocadas, uma vez que o elemento químico, em si, é sedutor e intocável. “Silêncio compartilhado”, por sua vez, é um vídeo, em que grandes quantidades de mercúrio líquido escorrem em formações hipnóticas, será exibido durante a mostra, como um convite à meditação.

De acordo com Elisa, a essência primária da exposição busca resgatar o aspecto “xamânico” da arte, que sugere um encontro com o sagrado. “A mostra propõe uma reflexão individual, uma ação e também uma não-ação, em um mundo onde o ruído é a tônica”, declara a artista.

A proposta dos trabalhos, detalha ela, apresenta-se como indagativa, visto que seu título remete ao “silêncio”. As obras, em formatos sinuosos em vidro espelhado, pedras misteriosas, como a pirita e o alquímico mercúrio líquido, reforçam a escolha de materiais, visando sempre à expressão mínima e à potência máxima. Como um eco da frase de Aldous Huxley, que abre esse texto, Elisa comenta que o gesto construtivo é mínimo, potencializando os materiais e o espaço. “É um gesto sem palavras, cujo tema é preponderante na seleção dos materiais que sugerem a composição”, destaca a artista.

Macs recebe duas novas exposições Uma das criações da artista visual Patrícia Carparelli para “Flume”. Crédito da foto: Divulgação

Habituada a trabalhar com materiais preciosos, Elisa escolhe o silêncio como elemento valioso, fundamental, como uma maneira de introspecção e possibilidade de acessar níveis não usuais da percepção e da espiritualidade. Para ela, contemplar o silêncio é vivenciá-lo, aproveitando esse momento para refletir sobre outros assuntos que, às vezes, não são pensados racionalmente. “É importante fazer com que as pessoas possam ter contato consigo mesmas por meio do silêncio, possibilitando o encontro com um caminho que remeta à procura por suas vozes interiores, baseadas na espiritualidade”, explica. “Proponho a todos um momento de introspecção, de reflexão e de meditação. Um segundo no tempo/espaço, uma oportunidade de acesso ao profundo, ao sagrado”, sugere.

Mostra híbrida

Paralelamente à exposição “Silêncio tátil”, o Macs recebe a exposição “Flume”, de Patrícia Carparelli. Com 18 trabalhos, a exposição é definida como uma mostra híbrida, em que pintura, objeto e vídeo se materializam nas eventualidades existentes entre nascente e foz de um rio. “Os cursos d’água são ampliados e derramam-se no espaço em um ritmo próprio, evidenciado por reflexos, densidades e impulsos traçados no trabalho de Patrícia”, descreve a curadora Thais Teotonio. Para Cristina Delanhesi, a artista, com carreira em franco crescimento, deverá fazer muito sucesso. “Patrícia é uma artista nova, que começa a trilhar sua carreira com o profissionalismo de quem, certamente, mostrará muito para os acompanhantes de sua produção”, afirma a presidente do Macs.

O Macs fica na avenida Dr. Afonso Vergueiro, 280, no Centro, ao lado da antiga Estação Ferroviária de Sorocaba. Agendamentos para visitas guiadas com grupos de escolas e universidades devem ser feitos antecipadamente pelos pelo email [email protected] ou pelo telefone (15) 3233-1692. (Felipe Shikama)

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