Luiz Zamuner expressa gratidão ao público, que sempre lotou a casa. Crédito da foto: Arquivo JCS (3/8/2018)

Há exatos quatro anos, quando foi eleito presidente da Fundação de Desenvolvimento Cultural (Fundec), Luiz Antonio Zamuner tomava posse do cargo voluntário com um discurso “pé no chão”. Dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela diretoria executiva da gestão anterior, encabeçada por Nelson Raul Fonseca. “Se continuar exatamente como está, encerrarei a gestão satisfeito”, dizia.

A nove dias de encerrar sua gestão de dois mandatos -- começou em janeiro de 2016 e foi reconduzido por mais dois anos em 2018 --, Zamuner se despede do posto com o sentimento de “dever cumprido”. “Mas isso não se deve a mim. Se deve aos funcionários que acreditaram e confiaram na gente e aos diretores que deram todo o suporte”, comenta em entrevista ao Mais Cruzeiro.

Zamuner também expressa gratidão ao público. Segundo levantamento da entidade, de janeiro de 2018 a novembro deste ano, a Sala Fundec recebeu público total de 11.686 pessoas, em dezenas de recitais e concertos de grupos mantidos pela própria fundação, como a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, a Orquestra Orff, Orquestra Experimental, Banda Sinfônica, Big Band, Grupo de Percussão, Grupo de Choro, Metais, Madrigal. Os números da bilheteria também incluem espetáculos de produtores parceiros e audições de alunos do Instituto Municipal de Música de Sorocaba (IMMS), também administrado pela Fundec, e que possui atualmente 800 alunos, em cursos de iniciação musical, canto coral e instrumentos musicais.

Ter garantido a continuidade das ações da diretoria que o antecedeu já teria sido um feito satisfatório, mas se torna mais consistente se considerado que, em meados de 2016, no governo do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), a subvenção mensal da Prefeitura para a instituição sofreu o drástico corte de 26,3%, que persistiu sem correção no período da gestão do prefeito José Crespo (DEM). Se considerada a inflação acumulada nestes quatro anos, o valor chega a representar quase metade do montante previsto no contrato. “Mesmo assim a gente conseguiu manter as atividades de formação, educação e cultura”, assinala.

O convênio com a Prefeitura, foi renovado por cinco anos no início da semana passada pela prefeita Jaqueline Coutinho e o secretário de Cultura, Marcel Stefano Tavares Marques da Silva.

Apesar das dificuldades financeiras relatadas ao longo deste período de quatro anos, Zamuner destaca que a diretoria conseguiu viabilizar parcerias para manter as boas condições de manutenção do histórico Teatro São Rafael, prédio tombado que desde 2001 abriga a sede da instituição. Em maio, a concessão de uso do imóvel, que pertence à prefeitura, foi renovada por mais quatro anos. “Conseguimos refazer 480 metros de forro”, relembra o presidente. A intervenção foi realizada em caráter preventivo, no início de 2018, para evitar comprometimento do forro de gesso, em virtude da umidade provocada por goteiras na cobertura. O serviço foi feito inteiramente com apoio da iniciativa privada, por meio da doação de recursos financeiros, materiais e mão de obra. Além disso, foram instalados tratamento acústico em todas as salas de aula.

‘Casa da dona Gertrudes’

Um dos objetivos alcançados ao longo da gestão de Zamuner, foi a otimização do local - construído por Rafael Tobias de Aguiar, o Brigadeiro Tobias, em 1844. Crédito da foto: Pedro Negrão / Arquivo JCS 3/10/2016)

Outro objetivo alcançado ao longo destes quatro anos de gestão de Luiz Antonio Zamuner, foi a otimização do espaço construído por Rafael Tobias de Aguiar, o Brigadeiro Tobias, em 1844, justamente para funcionar como uma espécie de templo das artes e da cultura em Sorocaba. Sempre às sextas-feiras, às 19h, o espaço recebe o Projeto Cine Reflexão, idealizado pelo professor e pesquisador Nildo Benedetti, que propõe a discussão de temas das ciências humanas por meio de filmes.

A gestão liderada por Zamuner também intensificou o uso do saguão para exposições de artes visuais gratuitas -- que foram bem visitadas pelo público --, de artistas como Liliane Alves, Santiago Ribeiro, Rubens Cardieri, Tiago Teré e Leila Cimino.

A última ação desta diretoria, ainda em curso, será a conclusão da reforma do imóvel nº 47, ao lado do Teatro São Rafael, que ficou conhecido como “Casa da dona Gertrudes”, em alusão à mãe de Brigadeiro Tobias, que morou no local. “Vai ser mais um espaço de apoio e até de apresentações de pequeno porte”, diz o presidente da entidade. A reforma, já em fase final, está sendo realizada com a verba de R$ 100 mil de uma emenda impositiva de autoria do vereador José Francisco Martinez (PSDB).

Atualmente a Fundec conta com 64 funcionários, entre professores, músicos profissionais e funcionários dos setores administrativo, de suporte técnico e operacional. Destes, 64% trabalham na entidade há mais de dez anos, 23% de três a dez anos e somente 13% estão há menos de três anos. “Isso mostra que o pessoal é experiente e que a gente conseguiu manter a estrutura”, completa.

A nova diretoria da Fundec toma posse em 1º de janeiro 2020 e terá como presidente Antônio Carlos Sampaio. Zamuner permanecerá contribuindo com a entidade, no posto de presidente do Conselho Superior. (Felipe Shikama)