Lu Carvalho é sobrinha da cantora e compositora Beth Carvalho, com quem morou até os 12 anos. Crédito da foto: Conrado Bassini / Divulgação

Sob influência e apoio da tia, a cantora e compositora Beth Carvalho, morta em abril do ano passado aos 72 anos, Lu Carvalho se apaixonou pelo samba ainda criança. Esse gênero musical, que a embala desde que nasceu, será exaltado pela artista nesta sexta-feira (21), em um baile que ocorre a partir das 22h na sede central do Clube União Recreativo.

Além ter morado com a tia Beth Carvalho até os 12 anos, onde a observava cantar, tocar e compor diariamente ao piano e violão, Lu era por ela levada a ensaios do bloco Cacique de Ramos e em rodas frequentadas por nomes como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Almir Guineto. Por ter ajudado a revelar esses compositores, Beth ganhou a antonomásia de “madrinha do samba”.

No show desta sexta-feira (21), Lu Carvalho promete reverenciar a obra e o legado deixado da tia, irmã de sua mãe, reconhecida internacionalmente como um dos mais expressivos nomes do samba, com canções como “Andança”, “Vou festejar”, “Camarão que dorme a onda leva” e “Coisinha do pai”. Vale destacar que, paralelamente ao seu trabalho autoral, Lu tem circulado pelo País com um show em homenagem à Beth Carvalho que foi montado com o aval da tia. “Ela quem roterizou o show. Me ajudou a escolher a ordem do repertório e a lembrar até canções que eu não lembrava”, comenta a cantora ao Mais Cruzeiro.

Além das canções mais marcantes na voz de Beth, o repertório do show, montado especialmente para a abertura da Folia de Momo, terá outros sambas consagrados e um pout-pourri com quase duas dezenas de marchinhas carnavalescas. “Como o show vai ser em um salão, a gente pensou em resgatar essa nostalgia dos antigos carnavais. Será um show pra frente, pra cantar e dançar, e, seguindo a tradição, termina com ‘Cidade maravilhosa’”, detalha a cantora. No palco, a artista carioca estará acompanhada por um grupo de músicos de Sorocaba formado especialmente para o evento. A banda é composta por Sidmar, Carlinhos Black, Roberval, Du Lima, Marcelo Ribeiro e Marcelo Campioni.

Lu Carvalho, que aos dez anos de idade fez sua primeira gravação, justamente no coro infantil da gravação original de “Coisinha do pai” -- música que já foi tocada em Marte, para “acordar” o robô Sojourner na missão Pathfinder, da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) --, afirma ter o “samba no sangue” e comenta que o gênero musical conseguiu deixar para trás o estereótipo marginalizado que ter tinha no passado. Por outro lado, diferentemente do jazz nos Estados Unidos, escapou do “raio gourmetizador” que elitizou a expressão musical de origem negra e humilde. “Achando que o samba continua sendo popular. Quem gosta e consome verdadeiramente é o povo. O samba fala para o povo mesmo, que representa muito o Brasil. As narrativas falam pelo trabalhador, as injustiças, a realidade social, com humor e ironia”, avalia. “E nenhum gênero fala tão bem amor quanto o samba”, conclui.

O evento de amanhã, intitulado “Sexta-feira de Carnaval”, é realizado pela produtora Samba 021 em parceria com o clube. Além de Lu Carvalho, a festa contará com shows de Glória Marron, Sidmar e Carlinhos Black. Os ingressos custam R$ 20 (individual primeiro lote) e R$ 200 (mesa para quatro pessoas) e podem ser adquiridos antecipadamente nos seguintes estabelecimentos: Deck Natural (avenida Dom Aguirre, 825, Centro), Dom Leopoldo (rua Leopoldo Machado, 475, Centro), Natural Express (avenida Barão de Tatuí, 335, Vergueiro), Óticas Popular (Praça Carlos de Campos, 101, Centro) e no próprio local do show, a sede central do Clube União Recreativo (rua Cel. Benedito Pires, 43, Centro). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 98111-5079. (Felipe Shikama)