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João Bid e Vinícius Paes revisitam canções de Kiko do Catavento

21 de Dezembro de 2018 às 07:40

João Bid e Vinícius Paes revisitam canções de Kiko do Catavento Os músicos Bid e Vinícius Paes realizam o show inédito hoje, às 20h, na Casa Rosa Manjericão, em São Roque. Crédito da foto: Fábio Rogério

Responsável pela formação do Grupo Catavento, quarteto vocal que marcou época na região na década de 1980, o cantor e compositor Reginaldo Bertolini Pereira, o Kiko, falecido em 16 de janeiro de 1987, terá sua obra revisitada por João Bid e o jovem violonista, cantor e compositor Vinícius Paes. O show inédito “Uma vez, uma voz - Sou as músicas do Kiko”, ocorre nesta sexta-feira (21), às 20h, na Casa Rosa Manjericão, em São Roque. A entrada é gratuita e a contribuição é voluntária, no sistema pague quanto puder.

Vítima fatal de um acidente automobilístico aos 26 anos de idade, Kiko deixou dezenas de canções compostas sozinho e em parcerias com amigos de Mairinque, cidade onde residia, e parceiros do grupo que estava em vias de lançar um LP pela gravadora Eldorado.

Além de Kiko, a formação original do Catavento contava com o próprio João Bid, Módolo e Chicão, apelido de Francisco Bloise Rigolo, que também morreu na colisão do Dodge Polara com um caminhão, no km 56 da rodovia Raposo Tavares. “O Kiko me encorajou a subir no palco. Eu devo minha vida artística a ele”, afirma João Bid.

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Quase 32 anos após a tragédia, Bid manteve boa parte das composições de Kiko bem guardadas, tanto em arquivos físicos, com fitas K7, manuscritos originais e cópias datilografadas, quanto na memória, em melodias que as mantém vivas na cabeça. “Ele era tão bom instrumentista e letrista que podia compor lindas músicas sozinho, mas gostava de dividir a autoria das canções com a gente. Se ele era tão generoso, por que não dividir as coisas que ele fez com mais gente?”, indaga Bid.

Justamente com o objetivo de divulgar a obra musical deixada pelo amigo às novas gerações, Bid convidou Vinícius Paes para acompanhá-lo no violão e interpretar as músicas da maneira mais fiel possível como foi concebida. Juntos, o duo selecionou 13 das dezenas de canções inéditas, que serão apresentadas pela primeira vez no show de hoje. “Eu prefiro não chamar de show. É quase um ensaio aberto, um encontro, permeado por algumas histórias”, convida.

Obra e histórias

Natural de Alumínio, cidade vizinha a Mairinque, Vinícius Paes nasceu dois anos após a morte de Kiko, mas conta que cresceu e se fez músico profissional influenciado pela obra e as histórias do grupo Catavento. “Tem sido um desafio e um aprendizado enorme poder interpretar a obra dele. Essa experiência me ajudou a enxergar a composição de outra maneira”, afirma, destacando que a pesquisa sobre a obra do compositor deve continuar.

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Além de raras gravações deixadas em fitas K7, com qualidade precária, oferecidas pelos equipamentos de que dispunha na época, Paes teve como referência os caminhos harmônicos surpreendentes deixados por Kiko em cifras musicais detalhadas, cujas anotações indicam as notas de extensão e dissonância de cada acorde. “Ele tinha uma formação musical muito sólida. E suas principais influências eram Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo e Milton Nascimento”, detalha Bid.

O repertório do show traz canções inéditas de Kiko, que passeiam por diversos gêneros da MPB como o samba e bossa nova feitas com integrantes do Grupo Catavento, e em parcerias com sua tia Maria Cândida, e letristras da região como Júlio Almeida e os irmãos Carlos e Marco Capitão.

A apresentação integra a 2ª Mostra de Arte da Casa da Rosa, situada na rua Antônio Cavaglieri, 15, Centro.

Para 2019, o duo planeja fazer uma série de shows pela região, incluindo Sorocaba, Alumínio e Mairinque, na praça “Kiko e Chico”, nome instituído por lei em homenagem aos integrantes. “Esse projeto começou sem grande pretensão, com a ideia registrar o material para que ele não se perca. Mas é inevitável que a gente acabe gravando, nem que seja de forma independente, caseira”, conclui Bid.