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Grupo Manuí leva histórias do povo indígena para Portugal

02 de Agosto de 2019 às 21:31

Grupo Manuí leva histórias do povo indígena para Portugal No palco do espetáculo estão a atriz sorocabana Tatiana Zalla e o músico e ator Leandro Pfeifer. Crédito da foto: Divulgação

O mito da criação do primeiro ser humano sob o ponto de vista guarani é narrado no espetáculo infantil “Nhanderuvuçu, o Menino Trovão”. A peça será encenada pelo Grupo Manuí nestes sábado (3) e domingo (4), às 19h30, no Sesi Sorocaba, com entrada gratuita. As apresentações do espetáculo, que combina contação de história, sonoplastia e cantos indígenas executados ao vivo, com teatro de sombras e projeção de vídeo cenários, são as últimas em Sorocaba antes da companhia cruzar o Oceano Atlântico, para representar o Brasil no 21º Festival Internacional de Teatro de Satúbal, em Portugal, que ocorrerá no dia 23.

O grupo, sediado em Sorocaba há três anos, está entre um dos três selecionados para a mostra, dentre mais de 50 inscritos.Diretores do Grupo Manuí, a atriz sorocabana Tatiana Zalla e o músico e ator Leandro Pfeifer contam que a escolha da história do menino trovão para representar o Brasil em Portugal tem como intenção dar luz ao fato de sermos um país diverso em mitologias milenares, mitos que perpetuam a cosmovisão de povos indígenas e cultivam valores atemporais cada vez mais necessários para a relação humana com o planeta.

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O espetáculo é resultado de um processo de criação coletiva realizado pela dupla -- Tatiana Zalla (direção geral e atuação) e Leandro Pfeifer (direção musical), com os artistas convidados: Urga Maria (sombrista e diretora de arte), José Sampaio (artista visual do Studiointro, responsável pelas projeções), Cassiano Reis (artista gráfico responsável pelas ilustrações e direção cênica), Melissa Branco e Antônio Victório (cenografia e iluminação) e Márcia Cruz (figurino).

“Nhanderuvuçu, o Menino Trovão” é uma adaptação do livro “A voz do trovão”, fruto de 12 anos de pesquisa do escritor Kaká Werá em aldeias Guaranis do Brasil e do Paraguai, e narra o mito guarani contado há cerca de 12 mil anos, de criação do primeiro ser humano. A montagem se vale da interação entre manifestações artísticas muito antigas como o teatro de sombras, a arte de contar histórias e a música ao vivo, com aquilo que há de mais moderno como os videocenários e músicas sampleadas.

“A oportunidade de revelar ao público europeu a delicadeza poderosa dessa cosmovisão ancestral é um pequeno, mas significativo passo em direção a renovação de olhares e relações entre os europeus e os povos originários do Brasil. Pretendemos, através da saga do ‘Menino Trovão’, despertar para o aprendizado de fundamentos necessários no caminhar em harmonia com elementos e elementais da natureza humana e planetária”, destaca Leandro.

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Tatiana ressalta que atualmente no Brasil se falam mais de 200 línguas indígenas diferentes, são mais de 300 etnias e cerca de 900 mil indígenas que existem porque resistem a mais de cinco séculos de invasão dos seus territórios físicos e culturais. “Diante de tanta riqueza e diversidade, escolhemos adaptar um dos mitos da criação Tupi-Guarani”, completa Tatiana.

Sobre o grupo

O Grupo Manuí atua há 16 anos em projetos e montagens relacionadas aos povos originários do Brasil, com orientação do escritor Kaká Werá e outras lideranças indígenas. As ações objetivam difundir a cosmovisão, a mitologia e os valores presentes na diversidade de etnias indígenas e outras matrizes ancestrais fundamentais na formação da cultura brasileira. Para tanto, gravou dois CDs premiados pelo edital ProAC da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, ambos com direção de Toninho Carrasqueira: “Nhemonguatá” e “Ecos da Paulistânia”.

Sediados há três anos em Sorocaba, o grupo veio para a cidade por causa de Tatiana. A atriz passou a infância e adolescência em Sorocaba, saiu para estudar Teatro e Interpretação para Cinema em Londrina e em São Paulo e, depois de quase 20 anos, voltou para a cidade com o companheiro de palco e de vida Leandro Pfeifer, para morar estabelecer a sede da companhia.

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As apresentações de hoje e amanhã, às 19h30, ocorrem na área externa do Sesi Sorocaba, já que o teatro da unidade está em reforma. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos no local com uma hora de antecedência. O Sesi fica na rua Duque de Caxias, 494, no Mangal. (Felipe Shikama)