Filme adota o ponto de vista de uma vítima de Alzheimer
Hopkins e Olivia Colman concorrem ao Oscar por “Meu Pai”. Crédito da foto: Tobis Film Gmbh
Anthony (Anthony Hopkins) tem 81 anos e parece um velhinho teimoso. Hostiliza as cuidadoras de idosos providenciadas por sua filha, Anne (Olivia Colman), e parece às vezes francamente desagradável. O problema mais urgente é que Anne decidiu se mudar para Paris em companhia do marido e, por isso, não pode mais se ocupar do seu velho pai.
A história de “Meu Pai”, baseada numa peça teatral e dirigida por Florian Zeller, poderia ser mais um desses filmes sobre o envelhecimento, em que as pessoas idosas, vítimas de Alzheimer ou demência senil, já não podem cuidar de si mesmas. O que acarreta todo um drama familiar, como sabe quem já passou por isso.
O o longa está disponível para compra nas plataformas digitais, Now, Itunes (Apple TV) e Google Play. Surpreendente, e bastante perturbador. Ao adotar o ponto de vista de Anthony, envereda por um universo que poderíamos chamar, sem exagero, de “kafkiano”. Ou seja, aquele mundo que, tido como normal e estável, de repente deixa de responder às nossas expectativas e se instala no domínio do absurdo.
“Meu Pai” tem Hopkins em estado de graça. Apenas com um olhar perdido podemos sentir toda a sua perturbação. Olivia também parece perfeita. Produção de qualidade, sólida mas nada acadêmica, o filme concorre ao Oscar em seis categorias: ator, com Anthony Hopkins; atriz coadjuvante, com Olivia Colman; melhor filme, montagem, design de produção e roteiro adaptado. (Estadão Conteúdo)