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Exposição no Sesc Sorocaba resgata a cultura indígena

18 de Setembro de 2018 às 07:36

Exposição resgata a cultura indígena A exposição multimídia reproduz vídeos de entrevistas e esquetes teatrais, além de depoimentos - Foto: Divulgação

A cultura e tradição dos povos originários indígenas são resgatadas e valorizadas na exposição “Descolonizando o Brasil”, desenvolvida pela artista visual Maria Thereza Alves em parceria com os estudantes indígenas da UFSCar, campus Sorocaba, que será aberta nesta terça-feira (18) no Sesc.

Instalada no 1º andar da unidade, a exposição multimídia possui monitores com vídeos de entrevistas e esquetes teatrais, autofalantes que reproduzem gravações de depoimentos em nove idiomas indígenas e tablets nos quais os visitantes podem consultar publicações on-line produzidas pelos estudantes sob coordenação de Maria Thereza: a revista “Línguas indígenas” e o “Mapeamento de intelectuais indígenas brasileiros”. As obras também podem ser acessadas a partir desta terça-feira no site www.descolonizandobrasil.com.br.

Ganhadora do prêmio Vera List para Artes e Políticas em 2016 e conhecida por trabalhos que mesclam antropologia, política e arte, Maria Thereza detalha que “Descolonizando o Brasil” é o desdobramento de uma pesquisa iniciada em Sorocaba em março de 2017 quando participou da 2ª Frestas -- Trienal de Artes, com curadoria de Daniela Labra. Na ocasião, a artista radicada em Berlim desenvolveu dois trabalhos artísticos envolvendo universitários indígenas, a partir da suposta omissão da presença indígena na história oficial de formação de Sorocaba.

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Em “Um vazio pleno”, a artista convidou o ceramista guarani Maximino Rodrigues -- professor e líder da comunidade Jaguapirú, em Dourados (MS) -- para reproduzir urnas funerárias e moringas indígenas do acervo do Museu Histórico Sorocabano. Os fragmentos dessas réplicas, vestígios da presença indígena, foram semi-enterrados em diversos espaços públicos da cidade. Já no espaço expositivo da Trienal, Maria Thereza expôs um conjunto de vídeos com entrevistas com respostas de estudantes não indígenas a perguntas dos realizadores, estudantes indígenas.

Maria Thereza comenta que a nova exposição é fruto do projeto que teve continuidade a pedido dos próprios estudantes indígenas que constataram que, apesar de existir uma lista com intelectuais indígenas respeitados mundo afora, não havia nomes de brasileiros. “Eles ficaram assustados [com essa ausência ou apagamento] e isso é um problema provocado pelo colonialismo do Brasil”, afirma. Para isso, os próprios estudantes -- ao todo nove participaram de todo o processo -- fizeram o levantamento de uma lista inédita, cuja intelectualidade, destaca Maria Thereza, não está ligada necessariamente ao mundo acadêmico ou universitário, mas sim aos saberes e à liderança e engajamento em lutas como demarcação de terra e a preservação da cultura indígena. “Este trabalho encerra uma etapa, mas minha pesquisa continua. É só um começo, pois ainda há muita coisa a ser feita para descolonizar nosso país para então imaginar outro futuro juntos”, complementa.

De acordo com o Sesc Sorocaba, “Descolonizando o Brasil” integra o projeto EntreFrestas, que se insere como uma continuidade entre as edições de Frestas -- Trienal de Artes e pretende criar um ambiente permanente de formação em arte contemporânea, com a finalidade de empoderar e fortalecer a cena artística local, bem como contribuir com um processo perene de reflexão e educação tendo a arte como mote. Além de exposições, o projeto contempla a oferta de oficinas e cursos, além da efetivação de diversas parcerias, com o objetivo de fortalecer as ações da trienal em Sorocaba e região.

Serviço

“Descolonizando o Brasil”

Até 3 de fevereiro de 2019

Sesc (rua Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade)

De terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados das 10h às 19h30. Domingos e feriados das 10h às 18h30

Entrada gratuita