Escritor John Le Carré morre aos 89 anos
Autor, famoso por histórias de espionagem, foi vítima de pneumonia. Crédito da foto: John Macdougall / AFP
O lendário escritor britânico John Le Carré, que se inspirou em suas próprias experiências como espião para criar algumas das melhores obras de intriga da literatura no século 20 como “O espião que saiu do frio”, morreu aos 89 anos após uma breve doença, informou neste domingo (13) seu agente literário, Jonny Geller. O homem cuja imaginação criou personagens como o agente George Smiley, um ícone da Guerra Fria, morreu de pneumonia, na noite de sábado, 12, em um hospital na Cornualha (sudoeste da Inglaterra).
Durante muitos anos, John Le Carré, cujo nome verdadeiro era David Cornwell, foi o eminente autor de livros sobre espionagem. Com a derrubada do Muro de Berlim, no ano de 1989, e o fim da Guerra Fria, passou-se a acreditar que ele não teria mais assunto para escrever. O próprio Carré declarou, em uma entrevista: “tive a impressão de ler meu próprio obituário”. Mas a verdade é que o autor inglês nunca sentiu falta de material, escrevendo vários livros sobre conflitos e corrupção, sempre que se deparava com isso em governos e em empresas. Pode-se dizer que foi o escritor de livros de espionagem que saiu do frio.
Nascido em 19 de outubro de 1931, em Poole, na Inglaterra, ele trabalhou no corpo diplomático britânico entre 1960 e 1964, notadamente nos serviços secretos. Sua experiência terminou repentinamente quando o agente duplo britânico Kim Philby denunciou a identidade de dezenas espiões. Revelado, Cornwell logo assumiu a ficção para dar vazão ao maravilhoso mundo secreto em que habitou durante certo tempo - foi na seção operacional do MI5 que ele conheceu o escritor de livros de mistério e crime John Bingham, que primeiro o encorajou a escrever.
O primeiro livro, “O morto ao telefone, foi lançado em 1961. Logo foi seguido por “Um crime entre cavalheiros” (1962) e depois aquele que o tornou referência na literatura de espionagem, “O espião que saiu do frio” (1963) -- como ainda era um espião ao publicar essas obras, ele adotou o pseudônimo e assim permaneceu, escolhido porque gostou do som vagamente misterioso. Com o silencioso e vigilante espião George Smiley, ele criou um dos personagens icônicos da ficção do século 20 -- um homem decente no centro de uma teia de engano.” (Ubiratan Brasil - Estadão Conteúdo)