Crime e mistério em Ibiza são o enredo da série ‘White lines’
A história prende o público pois se resume à famosa pergunta dos suspenses: quem matou?. Crédito da foto: Divulgação
Criada por Alex Pina, o mesmo que assina “La casa de papel” e “Vis a vis” -- dois sucessos de público --, a série “White lines”, da Netflix, estreou em maio cercada de expectativas. A embalagem de apresentação parece promissora: uma ilha paradisíaca, cenários deslumbrantes, drogas, sexo, liberdade e um crime. Enfim, um enredo sobre as escolhas da vida e suas consequências, falado em inglês e espanhol, além de muita gente bonita e baladas sem censura.
Com algum esforço é possível enxergar em certos episódios um manifesto sobre o livre-arbítrio, refletir sobre o preço de uma vida hedonista e se encantar com um ou outro romance que surge no meio do caminho. Mas, no final das contas, tudo se resume a uma pergunta: quem matou? A história começa quando são encontrados os restos mortais do DJ Axel Collins (Tom Rhys Harries), 20 anos, após ter desaparecido em Ibiza.
Sua irmã, Zoe (Laura Haddock), uma bibliotecária depressiva, decide deixar para trás o pai, o marido e a filha adolescente na cinzenta Manchester e partir para a ensolarada ilha espanhola para investigar o que aconteceu com o DJ que, duas décadas antes, era o cara mais popular do pedaço. Ao chegar ao balneário, Zoe se envolve com os amigos da juventude do irmão, desabrocha para uma nova vida e enfrenta um tremendo dilema: voltar ou não?
Assim como em outras séries de Alex Pina, “White lines” impressiona mais pela estética que pelo roteiro. Alguns personagens são cativantes, como o troglodita Boxer (Nuno Lopes), chefe de segurança da família mafiosa Calafat. O sujeito vai sendo desconstruído e se revela um malvado adorável e bem-intencionado. Outro integrante da turma que segura bem as pontas é Marcus (Daniel Mays), um DJ/traficante bonachão e atrapalhado. Mas, na média, o elenco deixa muito a desejar, especialmente nas cenas de flashback dos anos 1990.
A grande sacada de “White lines”, porém, é amarrar o público na base da curiosidade. A série não passa de “Whodunit” bronzeado. Para quem não conhece, trata-se de uma expressão coloquial para a pergunta em inglês: “Who has done it?”, que significa “Quem fez?” ou “Quem matou?”. Essa expressão dá um nome a um subgênero de ficção de histórias de detetive em que há um assassinato e é preciso descobrir quem é o culpado. (Pedro Venceslau e Paula Reverbel -- Estadão Conteúdo)