Compositor de 'Casa no campo', Tavito morre aos 71 anos
Tavito foi o compositor de centenas de jingles publicitários. Crédito da foto: Divulgação
O cantor, compositor e músico Luís Otávio de Melo Carvalho, o Tavito, morreu nesta terça-feira (26) em São Paulo aos 71 anos. Ele estava internado no Hospital Sancta Maggiore para tratar um câncer no pescoço.
A informação foi divulgada por Osmar Lazzarini, amigo de Tavito, nas redes sociais do artista. “Com o coração estraçalhado comunico aos amigos que nosso imenso e insubstituível Tavito Carvalho acabou de partir para a grande viagem de volta ao pai”.
Tavito era casado e deixa uma filha. O velório do músico será no cemitério do Araçá. O corpo será cremado na Vila Alpina na quarta-feira (27).
Entre as composições mais famosas de Tavito está o clássico “Casa no campo”, composto em parceria com Zé Rodrix e eternizado na voz de Elis Regina. Também foi o compositor de centenas de jingles publicitários, incluindo a música “Coração Verde Amarelo‘, que virou jingle das transmissões da TV Globo na Copa do Mundo.
Mineiro e companheiro de geração de músicos como Milton Nascimento e Toninho Horta, Tavito também fez parte da banda Som Imaginário e em 2009 foi jurado do Prêmio Sorocaba de Música, subistituindo o amigo Zé Rodrix, morto naquele ano. Em 2014, em sua última passagem por Sorocaba, quando fez o show Woodstock na roça, lançando o álbum “Mineiro”, Tavito concedeu entrevista ao Mais Cruzeiro e revelou que no início da adolescência, quando aprendeu a primeira nota no violão emprestado do amigo, pressentiu que sua ligação com a música seria para sempre. “Naquela instante eu ganhei poder. Foi como uma luz que se acendeu‘, compara. Pouco meses depois, guardando apenas três acordes debaixo dos dedos, ele já se sentia encorajado para dedicar serenatas às meninas de sua rua em Belo Horizonte. ‘Com três acordes já dava para sonhar e ser romântico‘, completou.
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Carreira
Foi durante a adolescência, aos 13 anos de idade, em parceria com o amigo Zé Rodrix, que Tavito compôs “Casa no campo”, uma das músicas mais famosas do cancioneiro popular brasileiro, eternizada na voz de Elis. “Essa música nasceu numa viagem que eu e o Zé fizemos de Brasília para Goiânia acompanhando a Gal Costa [na banda Som Imaginário]. O Zé fez a letra dentro do ônibus e quando chegou no hotel, eu fiz a música em cerca de cinco minutos”, contou. Em 1961, a canção foi a música vencedora do Festival da Canção de Juiz de Fora (MG) e classificada para o Festival Internacional da Canção (FIC). “O Zé Rodrix dizia que essa música foi o nosso diploma de compositor”.
Aos 16 anos, ainda morando em Minas Gerais, Tavito era tão íntimo da obra de Vinícius de Moraes que de tanto ouvir os discos conseguia interpretar de forma idêntica todas os afrosambas gravados por ninguém menos que Baden Powell. “O Baden era um gênio, mas ele tinha medo de voar de avião. Então, quando o Vinícius foi tocar em Belo Horizonte eu o conheci e ele me convidou para fazer alguns shows‘, lembrou.
Vinícius de Moraes, aliás, foi o responsável por encorajar Tavito a deixar a cidade mineira para tentar a vida no Rio de Janeiro. Durante mais de dez anos, Tavito ficou longe dos palcos para se dedicar exclusivamente à produção de jingles publicitários. Entre as mais de 3 mil peças compostas para vender produtos e reforçar marcas de grandes empresas, o músico não arrisca citar as mais conhecidas do grande público. (Felipe Shikama)