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‘Coisa mais linda’ estreia segunda temporada

21 de Junho de 2020 às 00:01

‘Coisa mais linda’ estreia segunda temporada Estrelada por Maria Casadevall,série se passa no Rio de Janeiro dos anos 1960. Crédito da foto: Divulgação

Humanizar personagens tem sido a grande tônica de muitos roteiros de produção seriada. Há alguns anos, pipocaram histórias de personagens excêntricos, publicamente -- e repletas de segredos na intimidade. Hoje, a força de um protagonista parece estar em encarar os desafios da realidade, sem máscara, com a cara e a coragem que se tem.

De fato, o problema do convívio social está mais complexo nos últimos tempos e ainda ganhou novos contornos. Algo capaz de provocar inveja em qualquer história de ficção científica ou de super-heróis. Desde então, as séries se tornaram manuais da vida, seja sobre o tempo presente ou sobre o passado, como “Coisa mais linda”, situada nos anos 1960, no Rio de Janeiro, que acaba de estrear sua segunda temporada na Netflix.

As protagonistas concordam que ainda é motivo de choque interpretar personagens casadas que precisam de autorização para pedir a separação, ou o desquite, como se dizia naquele tempo. “Muitas conquistas foram feitas. A estrutura que mantinha esse controle sobre as mulheres mudou”, aponta Maria Casadevall. “Mas sabemos que ainda tem espaço para mais avanço.” Na série, ela interpreta Malu, uma paulistana que experimentou o abandono do marido na primeira temporada. Para dar um rumo à própria vida, decidiu se mudar para o Rio com a intenção de abrir um bar com música ao vivo, o “Coisa mais linda”, incentivada pela amiga de infância Lígia (Fernanda Vasconcellos).

Na boemia carioca, Malu vai conhecer um time de mulheres que segue em uma busca semelhante: conquistar espaço em um mundo dominado por homens. A jornalista independente Thereza, papel de Mel Lisboa, tenta equilibrar o trabalho com os amores e Adélia, interpretada por Pathy Dejesus, o trabalho como empregada doméstica e mãe solteira. “Na primeira temporada, a gente fica mais íntima das características de cada uma, na diversidade de cada vivência e na força que encontram juntas”, aponta Mel Lisboa.

Mas sacudir o patriarcado tem seus riscos e atinge cada uma a partir do que ainda sangra na sociedade, como o racismo. Quem assistiu à primeira temporada vai testemunhar um cena delicada, em que Adélia é impedida de ocupar o elevador social do prédio em que trabalha. “Quando falamos de feminismo, precisamos levar em conta que é diferente para cada tipo de mulher. Naquela época, os negros tinham poucos direitos e a mulher negra menos ainda”, ressalta Pathy. Já a censura e a opressão se manifestam na vida das outras, como Lígia, que é constantemente violentada pelo marido.

Nos quatro primeiros episódios vistos pela reportagem, o tumulto que encerrou a primeira temporada ainda provoca mal-estar, junto ao desejo por transformação. A jornalista Thereza encara novos desafios profissionais em um programa de rádio, Adélia diz sim para questões do amor, com direito a cenas no Copacabana Palace, Ivone ganha confiança para apostar em seu talento musical e a dona do Coisa Mais Linda, Malu, organiza uma noite de drinks e músicas exclusiva para mulheres. (Leandro Nunes -- Estadão Conteúdo)