Escrita em 1949, “Doroteia” carrega fortes potenciais de contemporaneidade - Foto: Divulgação

Uma das obras mais controversas de todo o polêmico repertório dramático de Nelson Rodrigues, “Doroteia” ganha nova montagem da Cia. Clássica de Repertório, sob direção de Mario Persico. Escrita em 1949, a peça conta a história de Doroteia, uma linda mulher que, após perder o filho, decide abandonar a vida de prostituição e alcançar a redenção na casa das primas, as viúvas beatas -- Flávia, Carmelita e Maura -- que não enxergam os homens e mantêm uma tradição de repúdio ao amor e ao prazer.

As três mulheres abominam a ideia da entrega amorosa e vivem uma vida casta e cheia de privações. Para aceitar Doroteia, impõem-lhe uma condição: ficar feia. Rico em simbolismos, o enredo fantasioso à primeira vista mescla as múltiplas facetas do ser humano, capaz de surpreender, encantar ou chocar. “As viúvas tecem, como as fiandeiras, uma trama que torna evidente a relação entre sexo, culpa e morte”, afirma o diretor.

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Integram o elenco os atores Aline Correa, Felipe Rodrigues, Gabriela Pereira, Gaby Souza, Matheus Caruso, Paulo Ronchi e Rai Queiroz. Julia Rodrigues assina a assistência de direção.

Mario Persico comenta que a decisão de dirigir este clássico de Rodrigues -- que já teve centenas de montagens Brasil afora -- foi motivada pelas múltiplas possibilidades de visões e interpretações que os grandes autores permitem a partir de sua obra. “Isso é o mais fascinante no teatro”, afirma.

Segundo ele, assim como Shakespeare, a obra de Nelson Rodrigues oferece possibilidades “oceânicas” e “Doroteia”, em especial, carrega fortes potenciais de contemporaneidade. “Parece ter sido escrita para o público de hoje”, pontua.

A estreia ocorre neste sábado (1º), às 20h, no Teatro Escola Mario Persico (Rua da Penha, 823, Centro), com reapresentação no domingo (2), no mesmo horário. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).