Cantando um Conto participa do Guirii - Festival Amazônico
Terça-feira, Naim e Ana apresentarão a lenda indígena “A criação do mundo”. Crédito da foto: Divulgação
O trabalho desenvolvido pelo casal Naim Athiê, 38, e Ana Luiza, 35, foi destaque no 1º Guirii - Festival Amazônico de Contação de História. Juntos, eles formam o Cantando um Conto e ficaram em 8º lugar no festival, que recebeu mais de 250 inscrições de todo País. Para o festival, eles escolheram a lenda indígena “A criação do mundo”, trabalho que será exibido ao público na próxima terça-feira (23) durante o evento que será transmitido no canal da produtora cultural Fada Inad, no Youtube. O festival será de 20 a 24 de março e tem como objetivo exibir conteúdo artístico e propagar a cultura amazônica para crianças.
Athiê é professor de química no Colégio Politécnico e lembra que o Cantando um Conto existe desde 2014. O professor entrou na contação de história para ajudar a companheira na musicalização, mas ficou fascinado pela arte e decidiu continuar. “A Ana dá curso de contação de história. Eu entrei para ajudá-la, já que toco alguns instrumentos, como piano e violão. Acabei gostando muito e tem dado certo”. Pontualmente, eles recebem convidados para desenvolvimento de outros trabalhos.
O casal soube do projeto em meio a conversas com colegas, que fazem parte de movimentos culturais. Os dois gostaram da proposta e se inscreveram. O festival recebeu 266 vídeos, enviados de todo País. Deste número, apenas 25 foram escolhidos. O trabalho deles foi o único selecionado na cidade de Sorocaba. “A gente ficou muito feliz em ser escolhido, não conseguimos nem dormir direito. Na noite da divulgação, ficamos ansiosos. Chegamos até a pensar se tínhamos feito a escolha certa para o conto. No fim, tudo saiu como esperado. Era isso que eles queriam”, relembra o professor.
O conto
Na terça-feira (23), Ana e Athiê apresentam a narrativa de Cekena Wai Wai, da tribo indígena Wai Wai, que vive no Estado do Pará. O conto fala sobre uma antiga tribo que vivia no céu. Muitas pessoas moravam no firmamento e não havia mais espaço para todos. Um dia, o tatu resolveu cavar um buraco e cavou até chegar em outra terra. Então, ele avisou para todo mundo que existia outro solo. As pessoas olharam de cima e acharam o novo lugar muito bonito. Encontraram uma escada de empilhar jabuti e resolveram descer por ela. A escada não aguentou o peso e quebrou. Ficou gente no céu e as pessoas de baixo se espalharam e povoaram o mundo.
“Já conhecíamos vários contos indígenas, como ‘A Lenda da Mandioca’, ‘A Lenda do Guaraná’. Mas a gente estava em busca de algo diferenciado, queríamos apresentar algo novo. Começamos a estudar os livros e encontramos “A criação do mundo’. Escolhemos esse por ser um conto muito curioso”, explica Athiê. Além de contadora de histórias, Ana também é educadora infantil. O casal conta que a experiência cultural foi muito frutífera. Os temas ligados à questões folclórica, literárias e ambientais empolgaram a dupla, que foi a única de Sorocaba selecionada no projeto.
Naim Athiê é professor e começou no projeto para ajudar a esposa. Crédito da foto: Divulgação
Ana Luiza conta que, antes da pandemia, a dupla fazia apresentações em escolas e em eventos. Com a adesão da quarentena o casal teve que se reinventar. Eles publicam vídeos lúdicos no canal “Cantando um Conto Contadores de História”, do Youtube. O casal também investe na venda de materiais digitais para empresas e colégios e em leis de incentivo à cultura. “Nós procuramos trazer essa curiosidade em aprender de um modo diferente. A contação de história complementa o que os livros oferecem. Queremos que as crianças se divirtam e sintam pertencidas nas narrativas.” finaliza o professor.
O festival
No Festival Guirii - palavra tupi-guarani, que significa terno, brando - os participantes tiveram que produzir um vídeo, com duração de 8 a 11 minutos, de contação de histórias para crianças. Os temas propostos pelo projeto foram a conscientização à preservação do meio ambiente, o respeito à diversidade identitária e o acesso ao pluralismo cultural.
O projeto é beneficiado pela lei federal Aldil Blanc, nº 14.017/2020. Cada selecionado recebe um prêmio no valor de R$ 500. O auxílio foi disponibilizado pelo Governo de Rondônia, por meio da Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer de Rondônia (Sejucel), pelo edital 1ª Edição Pacaás Novos.
A contação de histórias é uma prática milenar e faz parte da tradição de vários povos. O contador de histórias desenvolve uma arte performática que ajuda a despertar sensações e a ativar o paladar, audição, tato, visão e olfato durante a narrativa. Assim, as narrativas se tornam mais emocionantes e repletas de elementos significativos, como gestos, ritmo, entonação e expressão facial. Mais informações: Instagram.com/guiriifestival. (Da Redação)
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