Camarim Cia. de Teatro estreia ‘Gavetas do corpo’ no TMTV
A peça, encenada por Hamilton Sbrana, Maria Helena Barbosa e Júlio Scandolo, tem como recursos cênicos bonecos de papel machê. Crédito da foto: Antonio Zardos / Divulgação
A fronteira entre o teatro-físico e a dança-teatro é desbravada em “Gavetas do corpo”, novo espetáculo da Camarim Cia. de Teatro, que estreia nesta sexta-feira (26), às 20h, no Teatro Municipal Teotônio Vilela (TMTV). A entrada é gratuita, e os ingressos serão distribuídos no local com uma hora de antecedência. A classificação indicativa é de 14 anos.
Resultado de uma criação coletiva do grupo, formado por Hamilton Sbrana, Maria Helena Barbosa e Júlio Scandolo, a peça aprofunda a pesquisa de teatro-físico iniciada em 2016 com o espetáculo “Mariposas”, que já transitava entre o formato, a dança-teatro e o teatro de formas animadas.
Desta vez, o trio tem como recursos cênicos bonecos de papel machê feitos por Scandolo e apresenta uma dramaturgia cênica que discute o corpo do ser humano e sua relação com o mundo.
“Seguimos verificando esse caminho de mistura do teatro com a dança contemporânea, enveredando numa forma de comunicação híbrida. É uma pesquisa sobre o que o corpo está sentindo dessas inquietações que estão acontecendo no país e no mundo”, comenta Sbrana.
O espetáculo, como o nome sugere, convida o espectador a desengavetar o que está coberto pela exterioridade física que não permite perceber nele tudo o que está guardado.
“Todos nós temos gavetas internas onde estão guardadas inquietações e afetações do mundo e nós estamos no mundo afetando também”, complementa.
Com a proposta de criar um ambiente intimista, a plateia formará um círculo no próprio palco, por isso, a lotação é limitada a 60 pessoas.
O espetáculo revela em cena a abertura de gavetas internas dos três artistas, dando visibilidade a uma vida interior repleta de memórias, segredos, esperanças, sonhos, medos, alegrias e tristezas.
Segundo a companhia, a montagem -- que teve como base as obras de Michel Foucault entre outros autores que retratam sistemas de poder que se impõem sobre o corpo -- propõe refletir a corporeidade humana na atualidade e as influências que sofre das normas sociais na construção da subjetividade do indivíduo.
Como é característica do teatro-físico, a peça não possui texto dramatúrgico. A narrativa, portanto, é construída por cada espectador, a partir de suas próprias impressões.
“É a junção de uma dramaturgia sonora, imagética, sensorial e energética. por isso queremos as pessoas mais perto, em cima do palco”, complementa Sbrana. Segundo ele, após o espetáculo, o público é convidado a permanecer no espaço e participar de uma roda de conversa para compartilhar sua narrativa.
“Gavetas do corpo” teve a produção foi viabilizada com recursos do edital 2018 Lei de Incentivo à Cultura (Linc), da Secretaria de Cultura de Sorocaba.
Como contrapartida ao fomento, o projeto ofereceu oficinas gratuitas de composição vocal, com Karen Souza, fonoaudióloga especializada em voz de ator, e sobre presença do ator, com o ator e pesquisador Carlos Simioni, integrante do grupo Lume da Unicamp.
Em junho, o grupo conclui as atividades formativas com oficina de formas animadas.
Após a estreia desta noite, “Gavetas do corpo” vai circular por quatro espaços independentes de teatro de Sorocaba que foram retratados na série “Palco independente”, produzida pelo Mais Cruzeiro dezembro de 2018.
O espetáculo será apresentado nos dias 25 e 26 de maio no Teatro da Trupé (rua Dr. Nogueira Martins, 457, Centro); nos dias 1 e 3 de junho no Teatro Mario Persico (rua da Penha, 823, Centro); 3 e 4 de agosto do Espaço Du Arts (rua Antônio São Leandro,76, no Jardim Maria Eugênia) e nos dias 10, 11, 17, 24 e 25 de agosto no Camarim Casa do Ator (rua Vicente Decária, 373, Jardim Gutierres). (Felipe Shikama)