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Avós e netos se unem hoje em celebração on-line

26 de Julho de 2020 às 00:01

Avós e netos se unem hoje em celebração on-line Tecnologia deve dar uma forcinha para que o Dia dos Avós não passe em branco pela pandemia. Crédito da foto: Marcelo Camargo / Arquivo ABR

O Dia dos Avós será celebrado hoje (26) em plena pandemia. Enquanto os jovens recorrem à tecnologia para atenuar o isolamento social, muitos idosos têm vivido um período de maior solidão, por não terem a mesma habilidade em usar smartphones e computadores. Alguns netos, porém, têm se esforçado para resolver esse problema.

É o caso da professora de matemática Isabela Maria Paiva de Souza, de 24 anos, que criou um manual de instruções para a sua avó aprender a usar aplicativos de troca de mensagens. “Nós somos sete netos. Somos muito unidos, então temos um grupo de WhatsApp no qual conversamos muito”, conta Isabela. A dificuldade inicial era que, toda vez que a família queria se comunicar com os avós, uma tia tinha de levar o próprio celular até a casa deles, em Suzano. Quando a avó descobriu que a irmã mandava áudios diariamente aos familiares, disse que queria aprender a fazer o mesmo.

Enquanto Adilson, o avô, de 80 anos, conseguiu se adaptar melhor à tecnologia, Laudina, a avó, de 76, sentiu mais dificuldades. “Eu nunca esperava que conseguiria falar e ver uma pessoa pelo telefone. A primeira vez que eu vi fiquei até emocionada”, declara Laudina, que, como recompensa, presenteou a neta com a sua famosa salada de berinjela.

Aprendizados

Sempre há tempo para aprender algo novo, não importa a idade. E, com a ajuda e a paciência dos netos, o Dia dos Avós pode deixar todos mais próximos -- mesmo a distância. Em Florianópolis, o avançar da idade não impediu Aldo Eller, de 92 anos, de aprender novos meios de se comunicar com a família, o que tem sido motivo de alegria para seus oito filhos, 17 netos e quatro bisnetos.

Entre eles, está Júlia Pazzini, neta que mora no Rio Grande do Norte e costumava falar com o avô apenas por telefone, principalmente em datas festivas. “Por causa da distância, chegamos a ficar quase 10 anos sem nos ver”, conta a designer, feliz de estar mais próxima do avô.

A busca por conhecimento marca a relação entre Sonia Maria Molina, de 70 anos, e seu neto Joaquim, de 11. A professora de matemática aposentada tem recebido lições de design do menino. “Ele me ajuda há bastante tempo, já me ensinou a baixar aplicativos e jogar pelo celular”, conta Sonia, que está isolada em sua casa, no Rio de Janeiro.

“No início era estranho para mim. Eu estava dando aula, mas a professora é ela”, diz Joaquim, que, segundo a avó, é bastante exigente: “Ele me dá tarefas, já fez três provas. E ainda dá nota. Na primeira, tirei 7; na segunda, 8, na terceira 9”, conta Sonia, aos risos. Entre as lições dadas por Joaquim para colocar em prática os conhecimentos adquiridos, Sonia teve de criar um cartão para enviar a um grupo de amigas no Dia do Amigo.

A professora de francês recém-aposentada Leci Rigueira, de 65 anos, só sabia usar o básico de tecnologia. Agora, no entanto, ela tem uma boa razão para se atualizar, pois seus netos a incumbiram de uma tarefa que ela não pôde recusar: dar lições de francês a eles via Skype. Laura, de 8 anos, assistiu às primeiras aulas sozinha. Arthur, de 11, demorou a pedir para participar também. Enquanto recebem as lições de francês, os dois ajudam a avó a manusear a ferramenta. (Júlia Corrêa - Estadão Conteúdo)