OMS pede fim de 'acordos bilaterais' entre países e laboratórios para vacina
Tedros Adhanom Ghebreyesus é diretor-geral da OMS. Crédito da foto: Fabrice Coffrini / Pool / AFP (3/7/2020)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, nesta sexta-feira (8), mais solidariedade no combate à covid-19 e pediu aos países ricos que deixem de fazer "acordos bilaterais" com os laboratórios para reservar doses da vacina.
"Peço encarecidamente aos fabricantes que deem prioridade ao envio" das vacinas através do mecanismo Covax lançado pela OMS e seus sócios, declarou o chefe da agência de saúde da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa.
O responsável explicou que estes acordos, inicialmente assinados pelos países ricos com as empresas farmacêuticas, e que posteriormente também foram feitos por países de rendimento médio, podem "fazer subir os preços" das vacinas. “Isso significa que as pessoas de alto risco nos países mais pobres e marginalizados não receberão a vacina”, acrescentou. "E peço encarecidamente aos países e fabricantes que deixem de fazer acordos bilaterais em detrimento do Covax", insistiu.
O diretor-geral da OMS também pediu aos países que solicitaram mais doses da vacina do que as necessárias que as "doem imediatamente ao Covax, que está preparado para distribui-las igualmente a partir de hoje mesmo". "O nacionalismo vacinal prejudica todo o mundo", destacou, lamentando que a vacina tenha chegado apenas a alguns países pobres até agora.
O apelo coincidiu com uma decisão da União Europeia, muito pressionada pelas críticas geradas pela lentidão das campanhas de vacinação, de dobrar suas encomendas da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer/BioNTech.
O chefe da OMS afirmou que 42 países iniciaram seus programas de vacinação, 36 de alta renda e 6 de renda média. “Está claro que os países de baixa renda e a maioria dos países de renda média ainda não estão recebendo a vacina”, denunciou. “Nenhum país deveria vacinar toda a sua população enquanto alguns ainda não recebessem a vacina”, insistiu.
A meta da OMS é fornecer doses a 20% da população dos países participantes do programa Covax antes do final do ano. A agência da ONU espera poder enviar as primeiras vacinas a partir do final de janeiro. (AFP)