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Editorial

Copa do Brasil: futebol e finanças

Para o São Bento, que não a disputa desde 2017, fica a esperança de conseguir revê-lo nas próximas edições do torneio, torcendo por boas campanhas na Copa Paulista ou no Paulistão

21 de Fevereiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
São Bento em busca de novo acesso
São Bento em busca de novo acesso (Crédito: NETO BONVINO / EC SÃO BENTO)

Começou esta semana a Copa do Brasil, torneio que mais paga premiação aos clubes de futebol no país. Sua primeira fase reúne 80 dos 92 times -- representantes do país na Copa Libertadores, além dos campeões da Copa do Nordeste, da Copa Verde e da Série B entram direito na terceira fase -- e significa uma oportunidade de ouro para as equipes mais modestas encorparem suas finanças.

O São Bento desperdiçou sua chance de disputá-la ao fracassar no ano de 2023, quando acabou rebaixado no Paulistão e não passou da primeira fase na Copa Paulista.

Desde o ano passado, quando deixou de ser considerado o Ranking Nacional de Clubes (RNC) como critério para as participações, o Paulistão distribui cinco vagas para a Copa do Brasil: aos seus semifinalistas e ao quinto colocado (desconsiderando os classificados para a Libertadores, que têm vaga direta).

Por essa razão, o Santos, que caiu na primeira fase do Estadual, também está fora da Copa do Brasil. Outra forma de alcançá-la é sendo finalista da Copa Paulista: o campeão escolhe se vai para a Copa do Brasil ou o Brasileiro Série D e o vice fica com a vaga restante.

O único representante da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) na Copa do Brasil 2024 é o Ituano, que estava na chave do São Bento no Paulistão, eliminou o Corinthians nas quartas, nos pênaltis, e chegou à semifinal contra o Palmeiras.

Em 2024, equipes sem divisão nacional, como é o caso do São Bento, ganham R$ 787,5 mil ao avançar da primeira fase e mais R$ 945 mil se tiverem êxito na segunda.

Elas são disputadas em jogo único, com uma diferença entre si: na estreia, em caso de empate, avança o visitante, e na segunda fase, a igualdade leva a vaga a ser definida em cobranças de pênaltis.

Os valores fazem muita diferença em orçamentos apertados e compensam, ainda, a logística sempre complicada -- o Ituano, por exemplo, jogou no interior do Rio Grande do Sul.

Já, a partir da terceira fase, os valores vão subindo por igual, independente do porte do clube: R$ 2,205 milhões (terceira fase), R$ 3,465 milhões (oitavas de final), R$ 4,515 milhões (quartas de final), R$ 9,45 milhões (semifinal), R$ 31,5 milhões (vice-campeão) e R$ 73,5 milhões (campeão).

O time que sobreviver às três primeiras fases, portanto, pode faturar quase R$ 4 milhões.

As cifras tornaram-se ainda mais convidativas neste ano porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atualizou os valores das cotas de participação de acordo com a inflação sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), proporcionando aumento nos prêmios pagos em todas as fases da competição.

Somando todos os prêmios, o campeão vai faturar mais de R$ 90 milhões pelo título. Esse salto nas premiações tem a ver com a mudança comercial do torneio, iniciada em 2013, quando passou a durar todo o ano, e não mais somente o primeiro semestre.

Só em 2018, a premiação aumentou 900% (de R$ 5 milhões para R$ 50 milhões). Nesse período, a CBF também promoveu mudanças na comercialização das mídias do campeonato e exposição dos patrocinadores.

Por outro lado, ao incluir os participantes da Copa Libertadores, as mudanças de regulamento também afastaram as possibilidades de “zebras” -- como a do título do Santo André sobre o Flamengo, em 2004, e a do Paulista de Jundiaí sobre o Fluminense, em 2005.

Isso porque o torneio não era atrativo para os times maiores e também era vedada a participação dos integrantes da Copa Libertadores.

A fórmula da Copa do Brasil dentro do calendário do futebol brasileiro repete a experiência da Europa, onde os torneios de mata-mata têm a mesma importância dos campeonatos nacionais de pontos corridos, cruzando os respectivos campeões em uma Supercopa.

Para o São Bento, que não a disputa desde 2017 (quando foi eliminado pelo Paraná Clube na primeira fase), fica a esperança de conseguir revê-lo nas próximas edições do torneio, torcendo por boas campanhas na Copa Paulista ou no Paulistão, a partir de um possível acesso nesta Série A2.