De volta ao ninho!
Conheça Rodrigo, um professor que ensina no mesmo lugar onde aprendeu
Em menos de dez anos, ele começou a lecionar e cumpriu a promessa de voltar ao colégio
O professor Rodrigo Rodolfo Baltazar de Souza, de 31 anos, tem a difícil missão de tornar o ensino de Matemática agradável a todos. Ele dá aula da disciplina e de conteúdos correlatos, dentro do itinerário formativo, para as turmas do 8º e 9º anos, do Fundamental, e do 1º e 2º anos, do Ensino Médio, das Unidades Alto da Boa Vista e Centro, do Colégio Politécnico. Pode até parecer uma tarefa difícil, mas ele consegue transformar o trabalho diário numa conquista compartilhada com os estudantes. Aliás, Rodrigo foi aluno entre os anos de 2007 e 2009, dos 14 aos 17 anos, do Poli Unidade Centro.
Confira a seguir a entrevista do aluno que se tornou professor, cumprindo o que ele mesmo prometeu fazer quando saiu.
JCS: Como você se interessou em ser professor?
Rodrigo: Foi uma questão de vivência pessoal mesmo. Minha mãe é professora, eu acompanho a rotina dela, já cheguei até a assistir algumas aulas. Quando cheguei no Ensino Médio, até pensei em cursar Jornalismo, mas quando passei a frequentar as monitorias e percebi que conseguia auxiliar os colegas, fui cada vez mais gostando de ensinar. Quanto mais eu explicava, mais fácil se tornava. Eu também percebi logo que quanto mais eu ensinava, mais aprendia.
JCS: O que tornou mais fácil essa escolha?
Rodrigo: Alguns que hoje são meus colegas de trabalho, já foram meus professores. E acredite: são minhas inspirações. Me ajudaram a seguir esse caminho. Eu até cogitei cursar Física, porque também tinha facilidade. Mas o professor Latance, que deu aula durante muito tempo no colégio, me orientou sobre a facilidade que eu tinha com Matemática, algo muito natural. Eu agradeço muito por ele ter me falado isso. Eu sou muito feliz com a minha escolha. É um grande prazer, quando eu percebo que os alunos estão chegando a algumas conclusões, solucionando os problemas, aprendendo a pensar sozinhos.
JCS: Você lembra de quando era aluno?
Rodrigo: Eu tenho muitas histórias dessa época. Tinha aula de Artes com a professora Mari Dantas. Isso sem falar na forma que o professor Gerson tratava a gente em sala de aula ou então as aulas de História da professora Lígia. Quase escolhi essa disciplina por causa dela, viu?! Foi um período de grande crescimento pessoal.
JCS: O que tornou essa época tão importante?
Rodrigo: Sai de um panorama diferente, eu estudava na periferia de Sorocaba e quando cheguei no Politécnico me deparei com uma grande estrutura. Isso mudou meu horizonte. Passei a buscar outras possibilidades, acreditar que poderia passar no vestibular no curso que escolhesse. E foi o que aconteceu. Tive um Ensino Médio ‘forte’ e me preparei para o vestibular.
JCS: Foi fácil passar no vestibular?
Rodrigo: Foi um momento interessante, quando foram aplicadas mudanças no ENEM, mas eu me senti preparado e prestei a prova no campus de Sorocaba, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Passei na primeira chamada da segunda turma de Matemática. Poderia ter ido para outros lugares, mas optei em estudar no ‘quintal’ de casa e fico feliz com essa escolha. Eu conheço muitos colegas que enfrentaram muitas dificuldades indo para outras cidades.
JCS: Você acredita que o ensino precisa de afeto?
Rodrigo: Eu estou no Poli há pouco mais de seis anos. Percebo que têm alunos que querem ser professores por conta da boa relação que temos. Me sinto feliz e honrado com isso. Afinal, alguém se espelhar e querer chegar a ter a mesma profissão é motivo de orgulho. Eu até costumo rir quando eles falam: “professor, eu até penso em ser professor por causa de você”. Eu comecei a lecionar ainda na graduação há dez anos. Alguns dos meus alunos já estão trabalhando. Sempre é bom perceber que estou incentivando eles de forma positiva.
JCS: E nesse momento, você tem outros projetos?
Rodrigo: Sim, um deles é a finalização do mestrado. É na área pedagógica, no ensino de Matemática. Até dezembro vou defender a dissertação que tem como tema a análise das atividades dos alunos com a função exponencial. Ou seja, busco entender a relação que eles têm com essa função matemática: quais são os erros mais comuns, os acertos, a percepção dos estudantes; e, com isso, buscar caminhos que podem ser adotados pelos educadores para facilitar o aprendizado.
JCS: Você consegue definir qual é o seu estilo em sala de aula?
Rodrigo: A distância geracional é maior do que no início de carreira. Eu busco trabalhar com empatia, entendendo o aluno, mas impondo limites também. E, por incrível que pareça, criamos uma relação de compreensão, que vai nos aproximando com o tempo. Veja, sempre tem um bloqueio quando o aluno percebe qual vai ser a disciplina. Matemática assusta. Nessa hora, eu busco trabalhar, conversar bastante e entender as dúvidas e ambições de cada um. Eu costumo ouvir muito: “professor, não gosto de Matemática, mas gosto da sua aula”. Eu fico satisfeito. Nem todo mundo vai escolher Matemática, se apaixonar por essa área. Mas ao aprender a ‘suportar’, digamos assim, fica mais fácil entender um pouco mais.
JCS: Se orgulha de estar no local onde estudou?
Rodrigo: Sim, estou muito orgulhoso. Eu voltei em menos de dez anos depois que sai. Aliás, quando fui buscar meu histórico, eu disse que ia voltar para dar aula... Para mim, essa era uma dívida, proporcionar a outros o que eu recebi no colégio. É isso que eu faço.
Educadores participam de formação literária
Essa é uma experiência que faz o tempo passar rápido. Imagine o encontro entre educadores e uma escritora, mediadora de leitura e contadora de histórias? Foi isso que aconteceu no último dia 4 de setembro, à noite, no auditório do Jornal Cruzeiro do Sul. Monisa Maciel, que também é professora, ministrou uma formação literária para as professoras do Colégio Politécnico, mantido pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA).
Para a oficina foi utilizado o livro da autora, com o título “Era uma vez três”, um reconto da tradicional história dos três porquinhos.
Segundo Monisa, trata-se de uma exigência da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trabalhar os recontos. Esse tipo de atividade possibilita que os professores tenham mais ferramentas para desenvolver o trabalho em sala de aula, com técnicas de contação de histórias. Sempre são trabalhadas novas possibilidades a partir das experiências de contação de histórias, leitura e mediação.
“Essas ações são sempre muito importantes. Assim é possível criar várias situações brincantes e de aprendizagem com a obra. Os profissionais estavam muito engajados, tenho certeza que vamos ter um resultado muito bonito a partir desse livro e dessa experiência”, comenta Monisa, que no ano passado também esteve com os professores do Poli. (Denise Rocha)
Você sabia?
Em cada andar da Unidade Centro do Poli temos inspetoras. Aliás, na Unidade Alto da Boa Vista você também vai encontrar essas profissionais. Elas estão sempre prontas para auxiliar professores e alunos, com orientações e apoio, além de ajudar na organização e contribuir para aumentar a segurança do ambiente escolar.
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