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Cesta básica tem nova alta em fevereiro em Sorocaba

Pesquisa da Uniso mostra que, com aumento de 0,78%, custo dos itens ficou em R$ 1.058,15

06 de Março de 2024 às 23:01
Vinicius Camargo [email protected]
A cebola está entre os itens que encareceram e impactam no bolso do consumidor
A cebola está entre os itens que encareceram e impactam no bolso do consumidor (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (6/3/2024))

A cesta básica sorocabana subiu pelo quarto mês consecutivo. Em fevereiro, o valor aumentou 0,78% na comparação com janeiro, passando de R$ 1.049,98 para R$ 1.058,15 -- R$ 8,17 a mais. No comparativo com fevereiro de 2023, quando o preço estava em R$ 1.046,53, a elevação foi de 1,1%. A tendência de alta se mantém desde outubro de 2023. No acumulado dos últimos quatro meses, o porcentual de encarecimento totaliza 6,44%. Os dados são da pesquisa desenvolvida mensalmente pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas (LCSA) da Universidade de Sorocaba (Uniso).

Segundo o levantamento, o aumento de fevereiro foi no mesmo sentido e na mesma proporção do resultado medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O indicador, considerado a inflação oficial do Brasil, também acelerou 0,78% no mês passado. O custo atual da cesta corresponde a cerca de 74% do valor do salário mínimo (R$ 1.412).

Dos grupos que integram a cesta básica, higiene (3,87%) e alimentação (0,58%) subiram em fevereiro, enquanto limpeza caiu (-35%). Entre os 34 itens, 18 apresentam alta. Os três com maior aumento foram creme dental (90 gramas), de R$ 3,66 para R$ 4,12% (12,57%); papel higiênico (pacote com oito unidades), de R$ 8,82 para R$ 9,75 (10,54%); e a cebola (um quilo), de R$ 7,05 para R$ 7,79 (10,50%). Destacam-se, ainda, o leite longa vida (um litro), de R$ 4,54 para R$ 4,72 (3,96%); feijão (pacote com 1 kg), de R$ 8,56 para R$ 8,89 (3,86%); ovos (uma dúzia), de R$ 10,62 para R$ 11,01(3,67%); e arroz (pacote de 5 kg), de R$ 31,71 para R$ 32,7 (3,12%).

A cebola está entre os itens que encareceram e impactam no bolso do consumidor - FÁBIO ROGÉRIO (6/3/2024)
A cebola está entre os itens que encareceram e impactam no bolso do consumidor (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (6/3/2024))

Quanto às maiores quedas, se sobressaíram a margarina, de R$ 7,64 para R$ 7,31 (-4,32%); absorvente, de R$ 4,81 para R$ 4,61 (-4,16%); salsicha (kg), de R$ 15,53 para R$ 14,91 (-3,99%); achocolatado, de R$ 8,32 para R$ 7,99 (- 3,97%); e linguiça fresca (1 kg), de 25,47 para R$ 24,92% (-2,16%). Também apresentaram reduções outros itens básicos, como frango (1 kg), de R$ 9,07 para R$ 8,91 (- 1,76%); farinha de trigo (kg), de R$ 5,92 para R$ 5,82 (- 1,69%); carne de segunda (1 kg), de R$ 27 para R$ 26,67 (-1,22%); e óleo de soja (900 ml), de R$ 6,16 R$ para R$ 6,10 (-0,97%).

Condições climáticas

De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor universitário e economista Marcos Antonio Canhada, de 58 anos, a elevação consecutiva no custo da cesta está relacionada ao clima. Ele diz que o fenômeno El Niño, principalmente, causa muita chuva em algumas regiões e seca em outras. Essas condições climáticas inesperadas prejudicam a produção de alguns alimentos, como batata (1 kg) --  preço passou de R$ 10,37 em janeiro para R$ 10,49 em fevereiro (1,16%) -- e cebola. Com isso, há falta no mercado e, consequentemente, os preços sobem.

Ainda conforme Canhada, embora o creme dental tenha apresentado a maior alta, o produto de higiene não impactou significativamente a elevação. Isso porque o seu preço tem peso menor na composição do valor total da cesta. Na verdade, foram justamente as mercadorias com maior relevância na formação do custo do kit e cuja safra foi afetada que puxaram o preço final da cesta. “São elementos que acabam tendo uma significância maior porque o consumidor usa mais cebola, mais batata do que creme dental”, explicou ele.

Governo e consumidor

Para o especialista, o governo federal deve buscar alternativas para tentar reduzir os preços. Ele sugere aumento das importações de alguns produtos, para a formação de um estoque regular de fora, ou tributação momentânea. Segundo o Canhada, o consumidor também pode contribuir para a queda nos valores. Para tanto, é preciso substituir itens caros por mais baratos ou diminuir o consumo. “Quando você reduz o consumo ou substitui, há uma tendência de o ofertante ficar com um estoque maior e ele vai ter que reduzir os seus preços”, informou. “Esses lados (governo e consumidor), quando funcionam bem, conseguem prover uma condição de estabilização dos preços”.

Estratégias para economizar

Consumidores sentem o custo da cesta básica comprometer cada vez mais o orçamento e buscam estratégias para tentar economizar. Inclusive, as dicas de Canhada estão entre as medidas adotadas.

O aposentado José Laércio de Oliveira, de 58 anos, vai, geralmente, a quatro mercados por mês, para comprar os itens que estão mais baratos em cada um. Ele opta pelas grandes redes, pois considera os preços melhores. Oliveira ainda costuma ficar atento aos folhetos de promoções e frequenta os mercados nos dias de ofertas. Tudo isso com o objetivo de fazer as compras do mês caberem nas despesas mensais da melhor forma e sem as finanças apertarem. “Ainda mais agora, no começo do ano, que tem IPVA, IPTU, tudo acumulado”, falou.

Esposa de Oliveira, a inspetora de qualidade Joanilda de Paula Alves de Oliveira, de 58 anos, conta que também troca determinados produtos por outros ou não os consome. A batata, por exemplo, dá lugar à abóbora, abobrinha, chuchu, jiló ou mandioca. Se a carne está cara, ela compra frango, linguiça ou ovos. A muçarela não vai para o carrinho, no qual entra apenas o essencial. “Fazemos a lista na ponta do lápis e procuramos não sair dela”, comentou. (Vinicius Camargo)

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