Votorantim
Cemitério São João Batista de Votorantim está comprometido; vídeo
Após erosão em túmulos, familiares apontam outros problemas estruturais. Prefeitura diz que avalia situação
Após a erosão que comprometeu dez túmulos da quadra 136 do cemitério São João Batista, em Votorantim, familiares de pessoas sepultadas no local reclamam de problemas de infraestrutura em outras áreas do terreno. Há rachaduras no chão, nos muros e em alguns túmulos além de relatos de infiltrações e buracos em algumas paredes.
O túmulo da tia de Beatriz Nunes de Araújo foi uma das sepulturas danificadas por conta da cratera. A operadora de produção, de 36 anos, conta que depois do problema esteve no cemitério e encontrou diversas áreas afundando no local. “A própria parede da administração está com rachaduras. O cemitério de Votorantim está largado, abandonado. Em uma das paredes tem vários buracos, como não infiltra?”, questionou.
Lucélia de Lima de Almeida, jardineira que também tinha familiares sepultados no local da erosão, está, igualmente, preocupada com um possível risco de mais danos no cemitério. “Foi concluído o trabalho dos túmulos dos nossos familiares, que já estavam caídos, mas olhando as rachaduras, mais famílias terão problemas”, disse.
Outra situação relatada é em relação ao lixo acumulado no local. “Votorantim está tendo tantos casos de dengue e olha como está a frente do cemitério, cheio de sujeira”, disse Beatriz.
Em nota, a Prefeitura de Votorantim informou que a Secretaria de Serviços Públicos está avaliando o local. Já a remoção do lixo é realizada com frequência, mas, a administração ressalta que o descarte irregular também ocorre na mesma intensidade. O órgão pede para a população denunciar essa prática que contribui para o aparecimento de roedores, animais peçonhentos e pode se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. O telefone para denúncias é o (15) 3353-8732. A Prefeitura não informou se há perigo de novos desmoronamentos no local.
Transferidos
Os túmulos danificados na erosão foram transferidos para sepulturas construídas em uma nova área do cemitério. A ação aconteceu na quinta-feira (23) por uma equipe do Corpo de Bombeiros, com o apoio da Guarda Civil Municipal (GCM) e funcionários do local.
Segundo a administração pública, a cratera foi aberta após problemas no solo, provavelmente ocasionados pelos períodos de chuvas intensas. Ainda conforme a Prefeitura, a transferência foi feita sem custo financeiro para os familiares, os quais foram convidados a acompanhar os trabalhos. A área onde o problema ocorreu continua interditada.
Capacidade
Outra discussão acerca do cemitério de Votorantim é sobre a sua capacidade que estaria esgotada. Há anos se discute a falta de espaço e a necessidade de construir um novo cemitério. Em maio de 2017, conforme publicado pelo Cruzeiro do Sul, a Prefeitura adquiriu um terreno por R$ 577.382,05 a fim de ampliar o espaço para novos túmulos. Na época, foi informado que o cemitério tinha capacidade para comportar 6.380 jazigos, porém, ainda na gestão de Erinaldo Alves da Silva (PSDB), a administração municipal havia informado que o limite seria atingido ainda no primeiro semestre daquele ano.
Já na gestão de Fernando Oliveira Souza (DEM), em 2017, a Prefeitura informou que com a aquisição do novo terreno o cemitério de Votorantim teria mais 18 meses de vida útil.
O Cruzeiro do Sul questionou a atual administração sobre a capacidade atual para sepultamentos e se há projeto de um novo cemitério para a cidade, porém, a Prefeitura não respondeu.
Assunto foi debatido na sessão de ontem da Câmara
Durante a sessão da Câmara de Votorantim realizada ontem (28), três parlamentares apresentaram requerimentos ao Executivo solicitando informações sobre o cemitério São João Batista. O vereador Luciano Silva (Podemos), o primeiro a citar o caso na sessão, questionou a possibilidade de melhorarias na segurança do local e também, quem é o responsável pelo serviço. Durante sua fala na tribuna o vereador pediu atenção do Poder Público à situação, pois esteve no local e disse que ainda há risco de mais desabamentos e também sobre o quanto a situação foi chocante, na questão dos túmulos que desabaram e na questão da remoção dos corpos.
Na sequência, o vereador Gaguinho (PTB) apresentou seu requerimento citando nomes de munícipes que estavam presentes no plenário representando as famílias que sofreram com os problemas de infiltração e danos nas estruturas das sepulturas.
Na tribuna o parlamentar apresentou fotos enviadas por munícipes e citou um requerimento apresentado pela prefeita Fabíola Alves em 2018, quando ela estava em seu mandato de vereadora, questionando a situação de superlotação do cemitério e reclamou da falta de sensibilidade no atendimento aos familiares com jazigos no local.
O vereador citou ainda na fala que, segundo os familiares, um engenheiro que foi ao local para verificar a situação após o desabamento, teria tido aos familiares que “não tem mais pressa, eles já estão descansando”. Além disso, segundo o parlamentar, ele soube que iriam abrir as gavetas e retirar os corpos sem avisar nenhum familiar. Com isso, Gaguinho afirmou que todo o relato dos acontecimentos no cemitério municipal será encaminhado por ele ao Ministério Público.
Já o vereador Zelão (PT) questionou se a administração passada realizou um estudo de solo para a ampliação do cemitério São João Batista, em 2018, e se houve autorização e liberação da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para esta ampliação.
O parlamentar questionou ainda se o projeto de ampliação do cemitério foi elaborado por um engenheiro da Prefeitura ou se foi contratada uma empresa para elaborar, executar e fiscalizar o mesmo, e solicitou uma cópia do processo de ampliação do cemitério para verificar se foram observados corretamente todos os procedimentos para a referida ampliação.
Zelão questionou ainda o motivo pelo qual a administração do cemitério não comunicou (no dia da ocorrência), os proprietários das sepulturas danificadas com o desmoronamento, como ficariam os custos e demais trâmites referentes às transferências dos corpos e questionou ainda, se as famílias prejudicadas terão que arcar com taxas.
Por unanimidade, os requerimentos dos vereadores foram aprovados e encaminhados ao Executivo que tem o prazo regimental de 15 dias para envio de resposta oficial. (Vanessa Ferranti)
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