Questão política
Cem pessoas da região de Sorocaba se desfiliam do MDB
O vereador Fernando Dini, único representante do MDB na Câmara Municipal, também se desfiliou
Atualizada às 17h30 de 17 de agosto
Mais de 100 pessoas da região de Sorocaba deixaram o MDB -- Movimento Democrático Brasileiro. A saída desses membros foi motivada pelas mudanças no cenário político local. De acordo com o diretório municipal, a principal razão para a saída é a discordância em relação à forma como a deputada federal Simone Marquetto, que assumiu um papel mais relevante na orientação do partido, está conduzindo as atividades. O vereador Fernando Dini, único representante do MDB na Câmara Municipal, também se desfiliou. Ele está considerando propostas de outros partidos.
Uma carta aberta assinada pelo MDB Sorocaba e divulgada ontem (16) explica os motivos para a saída coletiva dos ex-filiados. Conforme o documento, nos últimos anos, o diretório se reunia regularmente para planejar ações na região, o que resultava em uma representatividade significativa na criação de políticas públicas. O diretório destaca que Dini sempre os mantinha informados sobre questões importantes no Legislativo, liderando de forma “igualitária, democrática e inclusiva”. No entanto, o protagonismo de Simone na orientação da agremiação, tanto por sua função no diretório estadual quanto por sua representatividade junto ao eleitorado na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), não foi bem recebido pelo diretório.
O MDB Sorocaba mencionou que, apesar das reuniões com ex-vereadores, ex-prefeitos, ex-deputados e grandes lideranças locais, a atual coordenação não tem dado a devida atenção às questões de “relevante interesse político-partidário” nos últimos meses, tomando decisões de forma “autoritária e unilateral”.
“Essa falta de interesse e respeito com os partidários, a falta de reuniões periódicas (como eram realizadas anteriormente), as decisões não compartilhadas, como nomeações e exonerações de cargos públicos, além de outras situações que soam autoritárias, nos levou a redigir o presente documento, informando os diretórios estadual e federal pela triste realidade que estamos vivendo em nossa cidade”, diz trecho da carta.
A legenda ainda lamentou a saída de Dini, porém, afirmou que “compreende sua posição”. Além disso, o diretório ressaltou que ações “autônomas” e “independentes”, somadas à falta de interesse pelo coletivo, apenas reduzem a representatividade partidária, o que causou descontentamento entre os filiados.
“Decidimos seguir o caminho do ex-presidente (do diretório) Fernando Dini, comunicando a desfiliação de forma coletiva no intuito de encontrar novos caminhos que possibilitem o reconhecimento e a continuidade do trabalho político apresentado pelo grupo nos últimos anos em prol do desenvolvimento de Sorocaba”, conclui a carta.
Mais de 4 mil filiados
A deputada Simone Marquetto informou que tomou conhecimento das desfiliações e da carta aberta por meio da reportagem. Ela reconheceu a situação como um processo natural na dinâmica partidária, especialmente durante um período de mudança. Simone ressaltou que, juntamente com os mais de 4 mil filiados do MDB em Sorocaba, está comprometida em dar continuidade à trajetória do partido na cidade.
De acordo com a parlamentar, Sorocaba já está inserida nas ações do partido no Congresso Nacional. Além disso, enfatizou que o MDB está aberto ao diálogo e acolherá qualquer pessoa interessada em contribuir para a construção de um novo capítulo para o MDB Sorocaba. “Terei a missão do diretório nacional, de continuar a história do partido com o município, formando novos líderes e trabalhando por progresso e crescimento. Agradeço a confiança do presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, e reforço meu compromisso em trabalhar por políticas efetivas e que geram resultados”, concluiu.
O que diz Dini
O vereador Fernando Dini (sem partido), de Sorocaba, minimizou a saída de mais de 100 pessoas do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), após a divulgação de uma carta aberta do diretório municipal do partido. O documento, que se tornou público na quarta-feira (16), atribui à deputada federal Simone Marquetto (MDB) a causa da insatisfação dos filiados. Segundo a carta, a parlamentar vem conduzindo as atividades do partido de forma unilateral. Dini disse que não redigiu o documento e que respeita Simone, mas criticou a postura da deputada, que considerou ”deselegante“.
Há cerca de 60 dias, o vereador deixou o MDB sem fazer alarde. Mas a carta aberta do diretório municipal do partido revelou os motivos da sua decisão. Segundo o MDB Sorocaba, a deputada federal Simone não demonstrava interesse nem respeito pelos filiados, além de não realizar reuniões periódicas nem compartilhar as decisões do partido. Essa situação se tornou insustentável e levou à saída de Dini, que foi seguida por mais de cem pessoas. O vereador informou que, entre os desfiliados, estão 22 pré-candidatos a vereador ou prefeito nas eleições de 2024.
Dini ressaltou que todos têm o direito de ter opiniões diferentes e que isso não diminui sua admiração pela deputada Simone. Ele disse que, assim como os outros que deixaram o partido, ele respeita e reconhece o papel dela na sigla, mas discorda do rumo que a parlamentar está dando às coisas. O vereador citou como exemplos de atitudes que desagradaram os membros do partido as decisões ”unilaterais“ e ”independentes“ sobre regras, normas, nomeações e exonerações de cargos públicos.
”Não concordamos com algumas regras que foram estabelecidas. É natural que haja concordância ou não. Conhecemos Sorocaba e sabemos que esse não é o melhor caminho. Por isso, fui até a liderança nacional, representada pelo deputado Baleia Rossi, e pedi a minha saída por divergência de interesses. Ele compreendeu e assinou a minha carta de anuência. Agora estamos buscando um novo caminho. Não tenho nada contra a deputada Simone. Eu a respeito e reconheço sua liderança regional, mas em Sorocaba, neste momento, não concordo com as diretrizes que ela definiu para o futuro“, declarou o edil.
Dini afirmou que está prestes a escolher um novo partido, depois de negociar com diferentes lideranças. Nos bastidores, especula-se que o vereador irá para o Partido Progressista (PP). Outra possibilidade seria o Partido Liberal (PL), mas essa hipótese parece menos provável, pois o prefeito Rodrigo Manga pode sair do Republicanos e ir para o PL, dependendo da decisão do governador Tarcísio de Freitas, que também pensa em mudar de partido. ”Temos conversas abertas em todos os níveis, respeitando as hierarquias, local, estadual e federal. Queremos resolver essa situação em breve e nos filiar a um partido que nos dê voz, vez e participação nas decisões coletivas, não unilaterais. Estamos na fase final de decisão para saber qual caminho seguir“, concluiu o vereador. (Wilma Antunes)