Saúde
Casos de dengue aumentaram mais de 481% em fevereiro na cidade
Prefeitura adere ao Dia D estadual e intensifica ações para evitar um alastramento ainda maior da doença

O número de casos de dengue em Sorocaba aumentou 481,4% no mês de fevereiro, na comparação com janeiro. No mês passado, houve 1.035 confirmações, enquanto, em janeiro, foram 178. Em relação a fevereiro de 2023, quando o município contabilizou 102 casos, a alta chega a 914,7%.
Os dados são do último boletim epidemiológico da Prefeitura de Sorocaba, divulgado na quinta-feira (29). Diante desse crescimento, a Secretaria da Saúde (SES) intensificou, nesta sexta-feira (1º), as ações de prevenção e controle de arboviroses (dengue, chikungunya, zika e febre amarela) em vários bairros.
A pasta aderiu ao “Dia D” Mobilização Estadual. A iniciativa reforça os trabalhos de prevenção e eliminação dos focos do mosquito Aedes aegypti. A estratégia prevê o desenvolvimento de ações para conscientizar a população sobre a doença.
Neste ano, a cidade soma, até o momento, 1.213 casos confirmados de dengue e 4.535 suspeitas. Do total de casos positivos, 1.120 são autóctones — contaminações no próprio município —, 92 importados e um indeterminado. Não há registro de óbito. Para tentar reduzir esses números, a SES focou em trabalhos de eliminação do Aedes aegypti.
Equipes da Divisão de Zoonozes efetuaram bloqueio de criadouros — visitas a imóveis — e/ou nebulização na Vila Jardini, Júlio de Mesquita Filho, Jardim Colorau, Vila Barcelona, Jardim Flamboyant e Parque São Bento. Houve, também, ampliação da fiscalização no Jardim Marli e no Parque Vitória Régia.
Os agentes ainda fizeram exposição de informações de combate às arboviroses na praça Coronel Fernando Prestes, no Centro. “São os bairros onde há registro de maior número de doentes, com maior transmissão de dengue”, informou Fernando Henrique Simão, de 38 anos, supervisor de área de saúde da zoonoses.
Conforme Simão, as visitas a residências ocorrem durante todo o ano. Nesse trabalho educativo, os agentes orientam a população e eliminam criadouros do Aedes aegypti em fase larvária. Já a nebulização é aplicada em regiões com número elevado de contaminações. Isso porque, explica ele, o alto volume de infecção indica a presença de mosquitos adultos na área, e o “fumacê” é a melhor maneira de erradicá-los.
“A tentativa é acabar com a transmissão nesses lugares. É por isso que precisamos da colaboração da população na remoção dos criadouros”, destacou. Nessa situação, os locais a serem nebulizados são definidos com o auxílio do sistema de saúde.
Diante de atendimentos de casos confirmados e suspeitos de dengue, as unidades comunicam a SES. Caso note, pelos endereços dos pacientes, a incidência de muitas positivações em determinada região, a secretaria determina a execução do procedimento. As pessoas também podem colaborar para reduzir a propagação da dengue.
Segundo Simão, o período de desenvolvimento do mosquito, entre o depósito do ovo e a fase adulta, é de dez dias. Por isso, ele orienta as pessoas a vistoriarem seus imóveis uma vez por semana, para retirar criadouros.
Com isso, interrompe-se o ciclo de vida do inseto antes de ele se tornar adulto, que é quando ele pica e transmite a doença. O supervisor ainda aconselha os munícipes a permitirem a entrada dos agentes nas residências.
Cuidados
Uma das ruas onde os imóveis receberam nebulização foi a Raul Pompéia, na Vila Jardini. A dona de casa Lilian Yoshie Yoshime, de 48 anos, autorizou a entrada de uma equipe na casa dela para a aplicação do “fumacê”. Ela conta que costuma tomar todos os cuidados indicados para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue. Observa, frequentemente, os pratos dos vasos de plantas e, quando estão com água, retira; troca regularmente a água das vasilhas dos seus animais de estimação; e joga, constantemente, a água do compartimento instalado atrás da geladeira.
Lilian diz nunca ter contraído dengue e atribui isso às medidas preventivas. Além de preservar a própria saúde, ela as segue para evitar que a mãe, uma idosa de 81 anos, seja infectada. “A prevenção é o melhor remédio”, disse.
A residência do arquiteto Luís Alberto de Deus Pires, de 56 anos, também foi nebulizada. Assim como a vizinha, ele revela que adota as providências necessárias. Elas incluem, principalmente, jogar água quente nos ralos e nas pias, além de esvaziar e higienizar, periodicamente, o compartimento da geladeira. Pires, inclusive, descartou os vasos de plantas e, agora, tem apenas espécies que podem ser colocadas na parede, por exemplo.
De acordo com ele, ninguém da sua família se contaminou, mas vizinhos tiveram a doença. Por isso, o munícipe destaca a importância de todos fazerem a sua parte na luta contra a dengue. “É uma ação comunitária, então, todos têm que realmente se envolver, pelo menos, no combate às causas, às forma de reprodução do mosquito, senão, não adianta”, pontuou.
Balanço
De acordo com a SES, em 2024, foram realizadas, até agora, 45.958 visitas a imóveis especiais e pontos estratégicos, 37 autuações e coleta de 120,290 toneladas de materiais descartáveis. Houve, igualmente, 20 atividades educativas sobre o combate das arboviroses.
Denúncias
As denúncias de criadouros do Aedes aegypti podem ser feitas à secretaria por meio do canal 156, pelo site da Prefeitura ou nas Casas do Cidadão. Também é possível registrar a ocorrência pelo WhatsApp da Ouvidoria Geral do Município, pelo número (15) 99129-2426, das 8h às 17h. De acordo com a pasta, logo após a comunicação, uma equipe técnica vai ao local e faz a inspeção da área para tomar as devidas medidas. (Vinicius Camargo)